Universo de Memórias

domingo, 16 de maio de 2010

O Julgamento dos que estão distantes

Esta foto foi tirada antes de nos deslocarmos a Uma cerimônia de Casamento. 
Sempre estivemos junto à Mãe em todos os eventos. 
Reparem que eu não conseguia controlar o blush no rosto de A. Margarida. 
Um ano e alguns poucos meses depois dessa data ela entraria na fase semi-acamada e dependência total.

Sempre começo minhas memórias de filha como a penseira do Professor Dumbledore(Harry Potter), para liberar um pouco de espaço na minha mente e assim auto-avaliar e aprender coisas novas.
Venho aqui compartilhar um ponto de vista sobre momentos(à medida que posso e for lembrando). Minha forma atual de entender as coisas.
Não é para ensinar ou afirmar: é assim ou assado.
Quem sabe um futuro livro cujo título nem sei.
Não pretendo convencer ninguém, nem estar com a verdade absoluta, pois às vezes o que é escrito pode não representar, nem condizer com a vida tão singular de cada ser humano.
Cada um dá o que tem e faz o que pode dentro do seu atual conhecimento, capacidade, disponibilidade de saúde-tempo e financeira.
Muitas vezes ficamos ansiosas na busca de tantas respostas, tantas informações que antes não chegavam.
Esperamos que outras pessoas façam o que cabe primeiramente a cada um de nós fazer: viver(não apenas sobreviver)animar-se e respeitar-se.
Isso é preciso vir de dentro para fora e de fora...bem, quando for uma dica com boas intenções(mesmo contrária ao nosso proceder).
Aquele refletir: poxa, não me ocorreu esta ideia.
Não é apenas um momento de exibição é uma troca de energias.
Bem, voltando à dança, agora pergunto:
Onde eu parei?
Escrever o quê?
Em muitos momentos entrar nesta Dança do Alzheimer foi e é igual a enfiar a cabeça na boca dos leões.
Mãe modificava suas atitudes, seu comportamento numa velocidade incrível!
Raros os dias em que havia um diálogo sem delírios, comportamentos de toda ordem.
O acompanhamento de palpites chegavam juntos, mas nem sempre com conotação de ajuda verdadeira.
Era uma espécie de julgamento velado.
Em outros vinham com suas garras bem afiadas.
Lembro-me de uma conversa com uma vizinha de bairro quando eu retornava do trabalho.
Pegou-me de surpresa porque Dona Alzira, justamente naquela tarde, estava comigo.
Eu a levei para dar-lhe alguma ocupação na Loja de Brinquedos.
Resultado:tive que pagar um extra(voltei mais cedo)ao meu sobrinho porque ela odiou.
A vizinha apontou-me o dedo na cara dizendo que eu deveria parar com minha profissão e ser do lar.
Parar em casa!
Que, deste modo, ela ficaria boa!
Que eu não a levava para passear!
Que a mãe dela(sem alzheimer)recebia muito carinho pelo motivo das filhas se dedicarem integralmente e que ela era uma dona de casa e só por isto a mamãe, com muito mais idade, não tinha doenças.
Ouvi tantas barbaridades e sem querer meu instinto me fez soltar uma risada com a mão tampando a boca.
A mulher ficou mais falante(cri-cri-cri)e neste meio tempo a Dona Alzira Margarida desceu do carro.
Aí foi o terremoto. Não sobraram margaridas.
Mamis soltou o verbo!
Um vocabulário até então desconhecido para esta pessoa.
Eu nem precisei explicar-me ou dar algum tipo de satisfação.
Sinceramente, naqueles instantes, eu só cuidei da sombrinha que estava na mão de Alzirinha porque o objeto andou perto das fuças da outra.
Defendeu-me como uma leoa. Olha, até gostei e muito. Quem não gostaria...
A tal saiu com o farol baixo e poucos anos mais tarde eu soube que ela mandou a sra. sua genitora para outra filha.
Não aguentava mais.
Sorte que tinha irmãs dispostas no apoio.

Concluindo:espere um pouco...onde estava minha Alma nisso tudo?
Meu coração?
Onde eu estava?
Na boca do povo e eu nem sabia.

E...ainda estou...sinto isto claramente.

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