Universo de Memórias

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Dicas de como utilizar jogos com o paciente


Como usar jogos com pessoas com a doença de Alzheimer?


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Sabe-se que a doença de Alzheimer é devastadora para todos os que estão envolvidos, família, amigos, além do próprio cliente, é claro!
Conforme a doença progride, a perda de memória junto com outras disfunções cognitivas podem tornar difícil o entendimento dos contextos em que o cliente vive e isso tem reflexo nas relações, dificultando-as. Usar jogos e poder fazer isso junto com doente pode fornecer uma excelente oportunidade para estimular a relação. Mas esteja atento: jogar pode ser muito difícil para a pessoa com doença de Alzheimer, aqui está o porquê :
1 . A solução de problemas em fases mais avançadas da doença está prejudicada, assim os jogos de enigmas mais complexos representam um grande desafio e não são recomendados.
- Em fases mais avançadas o enigma na medida certa pode ser: diga o seu nome; as letras do seu nome…  Perguntas simples e diretas relacionadas a coisas concretas e de preferência a hábitos e interesses anteriores do cliente.
2 . A perda de memória recente compromete o uso de jogos que exigem memória de curto prazo.  A perda de memória torna -se um desafio para aprender novos jogos e manter o controle do jogo. A memória também leva a dificuldade em lembrar as regras.
- Os melhores jogos são aqueles que os doentes aprenderam na infância ou há muito tempo, bem como aqueles com regras simples.
4 . Problemas com relações espaciais prejudicam o uso de games que exigem essa habilidade. Os jogos de quebra-cabeça com muitas peças e imagens com muitos detalhes também não são uma boa escolha.
-Escolha quebra-cabeças de temas conhecidos pelo cliente, com poucas peças e peças maiores. Temos um post falando sobre uso de quebra-cabeça, quer conferir? clica aqui.
5. Dificuldade de leitura, a julgar a distância, cor, contraste e isso elimina um número considerável de jogos também.
6. Para aqueles que sofrem com a doença de Alzheimer muitas vezes é difícil encontrar as palavras para objetos familiares e conceitos, tornando a comunicação mais difícil. Ajude-o a achar a palavra certa durante os jogos. Diga a primeira letra ou a primeira sílaba. Ajude o doente a concluir as frases e as informações que ele quer expressar. Ah, sempre valorize e tente dar um significado a o que o doente diz. Lembre-se que o objetivo aqui é manter a conexão entre pessoas e a linguagem é uma das melhores formas para isso.
7. Em situações sociais as pessoas com doença de Alzheimer ficam frequentemente tetraídas porque são muitos desafios ao mesmo tempo, muitas pessoas, muito para lembrar e muitas respostas requeridas e pode ser esmagador e confuso.
- Jogos que exigem mais que duas ou três pessoas podem ser demais.
Informações importantes sobre jogos para pessoas com doença de Alzheimer:
– devem ser simples.
–  devem ter um curto período de tempo de jogo.
– não exigem que os jogadores tenham que acompanhar muitos de detalhes.
– o desafio deve ter relação com o interesse pessoal e entreter e proporcionar um momento agradável para cuidadores, familiares e amigos.
Sabendo o que é difícil você tem a oportunidade de adaptar e dar o desafio na medida certa. Tenha isso mente e não desista de estimular ou de encontrar materiais para isso. É super importante na estimulação do doente com Alzheimer tudo o que o bom jogo proporciona. Persista!!
Lembrando que aqui no site temos várias e várias atividades e recursos que podem ser usados e adaptados. Clique aqui e pesquise!
E, por fim, se você está procurando exercícios para estimulação cognitiva, tem a dica dos nossos cadernos de exercícios!!! Os cadernos Reab.me exploram temáticas do cotidiano e foram pensados no cliente final, o cliente com déficit. Usamos linguagem fácil e acessível para auto-aplicação ou para ser feito com ajuda com cuidador. Enviamos para todooooo Brasil e Portugal. Gostou da ideia? Clica aqui e vai conhecer

Editora-chefe do Reab.me. Terapeuta Ocupacional (UFPE). Especialista em Tecnologia Assistiva (UNICAP). Mestre em Design e Ergonomia (UFPE). Consultora em Tecnologia para Reabilitação.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A vida emocional de um paciente com Alzheimer está viva

 
 
Cientistas comprovaram que o mal de Alzheimer não afeta as emoções, apesar de causar a perda de memória em pacientes. Foto: AFP
 
OBS PESSOAL: Constatei essa questão na convivência com minha Mãe. Considerando que não mais falava e quase não abria os olhos(no final)ela sentia os toques de carinho, proximidade, cuidados gerais, o emocional da pessoa que estava ao seu lado. Eu sempre fazia uma limpeza na alma(por mais difícil que fosse)para ela não absorver energias negativas. Parece bobagem, porém funcionou. Ela só me viu agitada e triste no momento da partida. Ainda assim trocamos o pijama dela, fralda, chamei por ela e a segurei pelas mãos.
Tudo muito rápido. A morte veio. 
Depois dei um último abraço, beijos e o Adeus definitivo.  

A constatação é da Universidade de Iowa, nos EUA
domingo 28 de setembro de 2014 - 9:45 AM
Com informações de agências / portal@d24am.com
Manaus - Os pacientes com Alzheimer podem sentir emoções mesmo quando se esquecem do motivo que as causou por causa da doença, afirmou Edmarie Guzmán-Vélez, que comandou uma pesquisa sobre o tema publicada na revista ‘Cognitive and Behavioral Neurology’.
O estudo assinala que, apesar de os pacientes não conseguirem se lembrar de uma visita recente de um ente querido ou que não receberam os cuidados devidos, essas ações podem ter um impacto em seus sentimentos.
Em entrevista, Edmarie destacou que é importante que familiares e cuidadores aprendam a se comunicar com o paciente com Alzheimer para fazer com que sintam emoções positivas.
“Talvez o paciente não se lembre do motivo que o levou a comer seu prato favorito, mas esse momento de felicidade, esse sentimento positivo vai continuar em sua mente”, garantiu Edmarie, autora principal do estudo e doutoranda em psicologia clínica na Universidade de Iowa (EUA).
“Por outro lado, se acontece alguma coisa que o faça se sentir triste, esse sentimento vai permanecer durante um tempo, o que significa que é extremamente importante que nos dediquemos a tentar induzir emoções positivas e minimizar o máximo possível as emoções negativas”, acrescentou.
A equipe de pesquisadores da Universidade de Iowa mostrou para 17 pessoas sem a doença e a 17 com o mal de Alzheimer fragmentos de filmes tristes e alegres, que resultaram em emoções como risos e lágrimas. Cerca de cinco minutos depois, os pesquisadores entregaram aos participantes um teste de memória para ver se conseguiam se lembrar do que tinham visto.
Como era de se esperar, os pacientes com Alzheimer guardaram significativamente menos informação sobre os filmes. De fato, quatro deles foram incapazes de se lembrar de qualquer informação sobre os filmes e um sequer se recordou que tinha visto um filme.
No entanto, os pacientes mantiveram o sentimento de alegria ou tristeza por um período de até 30 minutos depois de terem assistido o filme.
“Isso confirma que a vida emocional de um paciente com Alzheimer está viva”, afirmou a investigadora, que destacou as implicações diretas que têm suas descobertas para ensinar os cuidadores a melhorar o tratamento com os pacientes.
Para Edmarie, as visitas frequentes, as interações sociais, o exercício físico, a música, a dança e as brincadeiras “são coisas simples que podem ter um impacto emocional durável na qualidade de vida de um paciente e no seu bem-estar subjetivo”.
Estima-se que nos Estados Unidos o mal de Alzheimer afetará 16 milhões de pessoas em 2050, sem que tenha sido descoberto, até o momento, um medicamento para prevenir ou influenciar o desenvolvimento progressivo desse tipo de doença neurodegenerativa.
Edmarie conduziu o estudo com Daniel Tranel, professor de neurologia e psicologia da Universidade de Iowa, e Justin Feinstein, professor assistente na Universidade de Tulsa, no Estado de Oklahoma, e do Laureate Institute for Brain Research.
Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer, mais de 35 milhões de pessoas no mundo têm a doença que afeta e gera demência ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Só no Brasil, são cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico.
O mal de Alzheimer atinge principalmente idosos a partir dos 55 anos de idade e leva a problemas sérios, incluindo dificuldade em se realizar atividades básicas do dia a dia. A doença ainda é marcada pela falta de conhecimento e pela crença de que alguns sintomas são naturais do processo do envelhecimento.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

Intestino-Fecalomas-Dicas

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção!
 
Um problema muito sério que pode acometer quem tem Alzheimer é o fecaloma. 
Para quem não sabe, é o acúmulo de fezes no intestino que endurecem a ponto de interromper a passagem e dilatar o intestino. 
Se o problema permanecer por muito tempo, só cirurgia resolve. 
Por isso é tão importante cuidar da alimentação e adotar uma dieta mais laxante. 
 
E, também, fazer massagens intestinais todo dia, de forma a treinar o organismo a evacuar constantemente, de preferência no mesmo horário.
-Obs: nós fazíamos com minha mãe após o lanche da tarde(nos mesmos horários diariamente).
Colocávamos ela sentada na cadeira de banho e acoplávamos ao vaso sanitário.
Depois usávamos óleo na região da cintura para baixo e com massagem mamis evacuava.
Ela não sabia mais o que era esse procedimento natural e precisava de estímulo.
-Tentei encontrar um procedimento em desenho, porém nada na net.
 
Mas, mesmo quem segue estas regrinhas está sujeito à constipação. 
Neste caso uma lavagem intestinal resolve o problema. 

-Há uma forma de prevenir a formação do fecaloma que é muitas vezes visto com preconceito por muita gente: o toque retal. Como o nome diz, é estimular o peristaltismo (movimentos que o intestino faz para expelir as fezes) através de toque com o dedo(utilizando luva cirúrgica).  
Isso eu fazia com luvas e óleo no dedo indicador.
O famoso gancho (com o dedo) para retirada quando a massagem não vinha com efeito desejado.
 
A foto acima é uma tomografia computadorizada em três dimensões que mostra um fecaloma preso no intestino (a bola no meio do quadril) de tal forma que só é possível retirar com cirurgia. 
E a cirurgia não é simples, o corte geralmente é grande e o pós-operatório muito complicado. 
 
-A alimentação é de vital importância.
Perceba qual é melhor para seu paciente familiar.
Dona Alzira, por exemplo, não se dava bem com "aveia".
Portanto, listas de dietas não servem à todos.
O cuidador precisa observar e conviver até para ensinar alguém que o substitua durante alguns horários.
Escolham uma dieta favorável, que não retenha a evacuação e ingerir muita água.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Boas energias















Conclusão "aberta" deste dia:
 

Dia Mundial do Alzheimer, na minha opinião, serve como um alerta ao Planeta sobre a doença.
Incluindo o próprio ambiente corrido em que todos vivem.
Certa vez, há anos atrás, escrevi da influência de uma sociedade cansada, sem tempo para relaxar onde a urbanização dos grandes centros contribuía para estresse maior.
Não só o estresse como a solidão, depressão, isolamento, gases tóxicos, poluição em geral estão provocando mudanças no cérebro das pessoas.
A comunicação está muito superficial.
O tempo todo a mídia despeja milhões de notícias, novidades.
Uma Nova Era de descobertas, desafios e pouco contato físico.
Um tempo onde a humanidade ou parte dela se reinventa para prosseguirmos.
Exercitemos o cérebro, o corpo, o espírito, porém sem aflições.
Urge respirarmos.
Gostaria muito de celebrar este dia!
Tenho esperança que sim!
Grande abraço fraterno!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Uma medicação mais eficaz?

 
AstraZeneca fecha acordo com Lilly por droga para Alzheimer

Acordo poderá fazer a companhia britânica ganhar até 500 milhões de dólares se um medicamento experimental for bem sucedido

Ben Hirschler, da
Marcos Santos/USP Imagens
Medicamentos / remédios
Medicamentos: droga está pronta para entrar em estágio final de testes clínicos contra o Alzheimer
Londres - A AstraZeneca assinou um acordo de parceria com a rival norte-americana Eli Lilly que poderá fazer a companhia britânica ganhar até 500 milhões de dólares se um promissor - mas arriscado - medicamento experimental para Alzheimer for bem sucedido.

A AstraZeneca disse em maio que estava buscando um parceiro para a sua droga inibidora BACE chamada AZD3293, que está posicionada para entrar em estágio final de testes clínicos de Fase III contra a doença de Alzheimer.
A decisão da Lilly de entrar no projeto endossa a ciência por trás da nova droga oral, dada a longa história da farmacêutica norte-americana de tentar encontrar um tratamento eficaz para a doença que afeta a memória.
A Lilly vai pagar à AstraZeneca até 500 milhões de dólares para compartilhar os direitos à droga, com a escala exata dos pagamentos sendo determinada pelo progresso médico dos testes clínicos e pelo sucesso comercial.
Drogas inibidoras BACE funcionam bloqueando uma enzima chamada beta-secretase, que está envolvida na produção de beta-amiloide, uma proteína que cria placas no cérebro consideradas uma das principais causas da doença de Alzheimer.
A AstraZeneca afirmou nesta terça-feira que espera receber o primeiro pagamento de 50 milhões de dólares da Lilly no primeiro semestre de 2015, acrescentando que o negócio não terá nenhum impacto em seus ganhos de 2014.

domingo, 7 de setembro de 2014

Dia Mundial do Alzheimer

Para todos(as) nós que vivemos ou vivem nestes Cuidados todos os dias do Ano...

Tempo de Alzheimer

Vanderson Carvalho Neri*
A doença de Alzheimer, descrita pela primeira vez em 1906, pelo médico de mesmo nome, se transformou, ao longo desse século, na mais importante forma de doença degenerativa no mundo todo. É também a forma mais prevalente de demência em todos os continentes, em todas as raças e etnias. Com o envelhecimento da população mundial, essa enfermidade, antes desconhecida por muitos, se tornou praticamente um lugar-comum quando se trata de doenças do envelhecimento. Acredita-se que existam mais de 20 milhões de pessoas com essa enfermidade, número que vem crescendo a cada década, principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil, cuja população vem vivendo mais a cada ano.
Estamos falando de uma doença degenerativa, de base genética, progressiva, de curso inexorável, e que até o momento não tem perspectiva de cura. Quanto mais idosa for uma população, mais prevalente será essa doença, pois o principal fator de risco para essa condição é o envelhecimento. Outros fatores de risco foram aventados, mas nenhum, até o momento, se configurou como um aspecto de fato comprovado.
Nesses cem anos desde sua descoberta inicial, muito se avançou no conhecimento e entendimento sobre a doença. Sabemos muito mais sobre sua apresentação clínica, sua base genética (já mapeamos o genoma de Alzheimer), novos métodos diagnósticos passaram a existir e muitas drogas já estão no mercado, com efeitos importantes sobre a função cerebral, que é mais comprometida na doença: a cognição. A cognição engloba as funções cerebrais mais importantes para a vida em sociedade, como memória, inteligência, raciocínio, julgamento, tomada de decisões, linguagem, ou seja, altas funções cerebrais, que se perdem aos poucos com o processo degenerativo da doença. Nenhum tratamento até o momento reverte esse quadro, apenas atenua, por algum período, o impacto clínico da degeneração cerebral.
Trata-se, portanto, de uma doença de grande repercussão no organismo do indivíduo que a desenvolve, mas trata-se também, em virtude do grande aumento do número de casos, de um aspecto com repercussões sociais e financeiras na sociedade. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, país que tem a maior casuística estudada sobre a doença, foram gastos com esses pacientes até o momento, cerca de 203 bilhões de dólares em assistência médica, tratamento e hospitalização; acredita-se que até 2050 o número de pacientes por lá deva triplicar, e os gastos cheguem a $ 1,5 trilhão. Sem dúvida, um grande rombo nas contas públicas atribuído a uma única doença.
Outro quesito que se apresenta relevante é o fato  de esses pacientes necessitarem de cuidadores para as atividades diárias; com o avançar da doença, os pacientes se tornam absolutamente dependentes de pessoas para alimentação, higiene e cuidados gerais. Um paciente com Alzheimer pode ter vários cuidadores. E essa “população” de cuidadores contribui para o aumento desses gastos públicos. Nos Estados Unidos eles já somam cerca de 15 milhões de pessoas, população de um estado grande como a Flórida por exemplo. Isso também é um grande impacto econômico, uma vez que esse grupo de pessoas não se enquadra na mão de obra ativa para o Estado.
O fato é que esses dados americanos acendem uma luz de alerta para nós, brasileiros. Somos atualmente um país em franco envelhecimento, com um aumento significativo do número de pessoas acima de 60 anos nas últimas três décadas, e praticamente sem políticas que priorizem essa parcela da população. O drama que vivem os americanos hoje será o nosso também daqui a mais alguns anos, e devemos estar cientes e preparados para isso.
As demências ainda não parecem fazer parte dos planos do Estado no contexto da sade pública. Estamos atrasados nesse quesito, pois o tempo de Alzheimer já chegou para nós. Discutir o planejamento dessa doença, seu aspecto de “epidemia”, e criar estratégias viáveis para conduzir os casos de forma eficaz é essencial para uma saúde futura mais equilibrada e com maior qualidade de vida para os nossos idosos. Isso já não é mais uma sugestão, é uma real necessidade.

*Vanderson Carvalho Neri é médico neurologista. - vandersoncn@yahoo.com.br

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A Doença no Mundo

FONTE: SPMJ COMUNICAÇÕES

Doença de Alzheimer: impacto de doença cresce em todo o mundo, com o aumento da longevidade



Pesquisa avança, mas ainda não tem a resposta para a cura. Estima-se que a doença afete mais de 115 milhões de pessoas até 2050.
Cientistas de todo o mundo lutam para encontrar uma cura para a doença de Alzheimer, muito temida, que cresce em ritmo acelerado em todo o mundo, em consequência do aumento da expectativa de vida da população. Quanto mais velha, maior o risco de uma pessoa sofrer dessa patologia que afeta o cérebro, “apagando as recordações” e que condena o paciente, bem como sua família, a uma deterioração devastadora e inevitável da qualidade de vida.
Até hoje, a medicina conhece as causas desse tipo de demência, porém não conseguiu descobrir a cura. As estatísticas indicam que aproximadamente 44 milhões de pessoas convivem com a demência em todo o mundo, número que, segundo se estima, aumentará para cerca de 115 milhões até o ano 2050. Por isso, já se faz referência à Alzheimer como uma epidemia mundial. No entanto, os avanços na pesquisa estão produzindo informações novas e promissoras sobre a origem do problema e trazendo esperanças de se poder detectar a doença em estágios mais precoces, como também definir formas mais específicas de tratá-la.

Pesquisadores da Clínica Mayo, de Jacksonville, Flórida, divulgaramrecentemente os resultados de um amplo estudo realizado em centenas de genes, com mais de 700 amostras de tecidos cerebrais de pacientes com a doença de Alzheimer ou outros distúrbios neurodegenerativos. A médica Minerva Carrasquillo, uma das participantes dessa pesquisa, explica o avanço da doença de Alzheimer e as novas ferramentas para combatê-la à disposição da ciência. Acompanhe sua entrevista:

Se a ciência já definiu que a doença de Alzheimer decorre de um acúmulo no cérebro da proteína beta-amilóide e da proteína tau. Por que tem sido tão difícil encontrar uma droga que cure e previna a doença – ou mesmo uma vacina?
A evidência obtida até hoje indica que a patologia da doença de Alzheimer se inicia com o acúmulo da proteína beta-amilóide, o que resulta em uma cascata de eventos, que terminam com a destruição de neurônios, em regiões do cérebro essenciais para a preservação da memória e das funções cognitivas. Ainda que os tratamentos já desenvolvidos para reduzir o acúmulo dessa proteína tenham apresentado efeito colaterais, temos feito progresso nas tentativas de eliminá-los. A maior dificuldade tem sido encontrar drogas que possam cruzar a barreira hematoencefálica (barreira entre o sangue e o cérebro) e que não produzam efeitos colaterais sérios. Porém, quanto mais aprendemos sobre os fatores genéticos e ambientais, que aumentam o risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer, mais aumentamos o armamento para combater essa doença.

Em que porcentagem a herança genética influencia na neurodegeneração, em comparação com a idade avançada e com fatores ambientais de risco?
Estudos epidemiológicos que compararam a relação da Alzheimer entre gêmeos idênticos (univitelinos) e gêmeos fraternos (bivitelinos) estimaram que o componente genético dessa doença oscila entre 58% e 79%. Portanto, não há dúvida de que os genes exercem um papel muito importante no desenvolvimento da neurodegeneração. Porém, esses estudos também demonstraram que os fatores ambientais contribuem em uma percentagem significativa para o desenvolvimento da doença. Por isso, devem ser estudados, a fim de se determinar se podem ser modificados a ponto de diminuir, significativamente, os efeitos dos riscos genéticos. Embora ainda não se tenha avaliada a porcentagem de risco oriundo especificamente do envelhecimento, sabe-se que a idade avançada também aumenta a deterioração do cérebro, o que, pelo que sabemos, intensifica os efeitos adversos dos fatores genéticos que contribuem para o risco de desenvolver a doença de Alzheimer. Por isso, o estudo de fatores que influenciam na longevidade também pode contribuir para o desenvolvimento de tratamentos para a doença de Alzheimer.

As pessoas que têm antecedentes familiares da doença de Alzheimer contam com alguma forma de prevenção de seu desenvolvimento?
Não. Ainda não se encontrou um tratamento para a prevenção do desenvolvimento dessa doença.

Atualmente, o mercado farmacêutico oferece medicamentos indicados para retardar a progressão dessa doença, quando é diagnosticada. Quais têm sido os resultados conseguidos com o uso desses medicamentos, considerando seus altos custos?
Os medicamentos disponíveis atualmente apenas diminuem a progressão dos sintomas e, infelizmente, o benefício é, com frequência, imperceptível. Por isso, há tanta urgência em descobrir melhores tratamentos.

Qual a diferença entre o estudo recente da Clínica Mayo em comparação com os estudos realizados anteriormente, tanto na Mayo como em outras instituições?
Até há pouco tempo, a maioria dos estudos se concentravam em genes ou em proteínas com funções relacionadas aos sintomas ou à patologia da doença. Nos últimos cinco anos, estudos do genoma identificaram 20 variantes associadas ao risco do desenvolvimento da doença de Alzheimer. No entanto, ainda não se sabe exatamente qual é a função dessas variantes. Portanto, o enfoque de nosso estudo mais recente se concentra em determinar se essas novas variantes causam mudanças na expressão genética no cérebro.

Qual é o principal mérito dos resultados obtidos?
Graças ao grande número de amostras de tecido de autópsia cerebral que foram doadas à Clínica Mayo para a pesquisa de doenças neurodegenerativas, temos capacidade estatística suficiente para detectar associações de variantes com níveis de expressão de genes específicos. Os genes que demonstram ser modulados pelas variantes que foram associadas ao risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer poderiam se converter em novos caminhos de intervenções terapêuticas.

De que maneira esse estudo contribui para a possibilidade de desenvolver terapias eficazes?
Nosso estudo está facilitando a identificação dos genes associados à doença e nos guia para os mecanismos biológicos que contribuem para a doença. O desenvolvimento de tratamentos eficazes depende do conhecimento desses mecanismos biológicos.

Há alguma esperança a curto prazo?
Falar de cura tem sido muito difícil até agora. Porém, é preciso manter sempre a esperança. Milhares de cientistas em todo o mundo trabalham arduamente com esse objetivo em mente e, a cada dia, recebemos mais informações que nos levam para mais próximos dessa meta.

Na recente Conferência Internacional de Copenhague (julho), foi feita referência à relação entre a doença de Alzheimer e a perda do olfato. Essa associação ajudará na detecção mais precoce do problema?
De acordo com os resultados desse estudo, a correlação entre a perda do olfato e a doença de Alzheimer é significativa, porém não é perfeita. Por isso, não se pode usá-la para predizer o desenvolvimento dessa doença. Porém, conforme se especula, será possível utilizá-la em combinação com os exames já existentes para se poder diagnosticar a doença em pacientes, antes que eles apresentem todos os sintomas que até agora têm sido usados para definir a doença, como, por exemplo, a perda de memória episódica.

Em quanto tempo se poderá aplicar esse conhecimento à prática clínica? De que depende o desenvolvimento desses testes?
Ainda que o exame de odor, que foi utilizado nesses estudos, seja fácil de aplicar e não é caro, é difícil prever quando se poderá utilizar esse conhecimento, de fato, na prática clínica. Esses estudos ainda estão em etapas iniciais e requerem confirmação em um grupo maior e independente de pacientes.

Alguns estudos identificaram placas de beta-amilóide na retina de pacientes afetados pela doença. Essa é uma descoberta realmente promissora?
De uma forma similar aos estudos sobre a perda de olfato, os estudos que visualizaram as placas de beta-amilóide no olho concluem que esses exames poderiam ajudar a diagnosticar a doença de Alzheimer em idade mais precoce, medir o progresso da doença e as respostas a terapias. De acordo com os pesquisadores participantes do estudo que visualiza a beta-amilóide no cristalino (a lente dos olhos), a correlação da densidade de placas na lente com o diagnóstico clínico da doença de Alzheimer é muito significativa. Porém, ainda são necessários novos estudos para examinar essa correlação a longo prazo em indivíduos sem demência, para determinar se, na realidade, esses exames podem ser utilizados para diagnosticar a doença em idade mais precoce. Esse estudo foi financiado, em parte, por verbas dos Institutos Nacionais de Saúde e pelo Centro de Pesquisa da Doença da Alzheimer da Mayo.