Universo de Memórias

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Insônia e Alzheimer

Estudo associa insônia a risco de Alzheimer em homens


Pesquisadores da Suécia demonstraram que homens que se queixam de problemas para dormir têm maior risco de demência ao longo dos anos


Alzheimer: Quanto mais tarde o homem apresenta distúrbios do sono, maior o risco de demência, segundo novo estudo



Alzheimer: Quanto mais tarde o homem apresenta distúrbios do sono, maior o risco de demência, segundo novo estudo (Thinkstock/VEJA)
Pesquisadores da Suécia, após acompanhar um grupo de homens por quatro décadas, descobriram uma relação entre distúrbios do sono e risco elevado de demência. Segundo os especialistas, por exemplo, a chance de ter Alzheimer ao envelhecer foi 51% maior entre aqueles que se queixam de insônia e outros problemas para dormir. As conclusões fazem parte de uma pesquisa divulgada nesta semana periódico Alzheimer's & Dementia.  

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Self-reported sleep disturbance is associated with Alzheimer's disease risk in men​

Onde foi divulgada: periódico Alzheimer's & Dementia

Quem fez: Christian Benedictemail, Liisa Byberg, Jonathan Cedernaes, Pleunie S. Hogenkamp e colegas.

Instituição: Universidade Uppsala, na Suécia.

Resultado: Homens, principalmente idosos, que se queixam de terem distúrbios do sono maiores chances de desenvolver o Alzheimer e outros tipos de demência.
“É importante ressaltar que existem vários fatores, como o exercício físico, que podem influenciar a saúde do cérebro. Assim, concluímos que bons hábitos de sono são também essenciais para manter em dia a saúde do órgão conforme envelhecemos”, explica Christian Benedict, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade Uppsala, na Suécia.

Na pesquisa, a equipe acompanhou cerca de 1 000 homens de 50 anos de idade entre 1970 e 2010. Os autores cruzaram dados sobre relatos de distúrbios do sono e a incidência de demência entre os participantes.

Relação — De acordo com o estudo, os homens que relatavam ter problemas para dormir tiveram um risco 33% maior de desenvolver alguma demência em comparação com aqueles que não apresentavam distúrbios do sono. No caso específico do Alzheimer, essa chance foi 51% mais elevada. A pesquisa também concluiu que o risco de demência aumentou quando os problemas relacionados ao sono eram apresentados por homens acima dos 70 anos.
“Quanto mais tarde o distúrbio do sono é relatado, maior o risco de o homem desenvolver a doença de Alzheimer. Esses resultados sugerem que as estratégias destinadas à melhora da qualidade do sono no fim da vida podem ajudar a reduzir o risco da demência”, diz Benedict.

Sono - Outras pesquisas já constataram a importância de uma boa noite de sono para o cérebro. Por exemplo, um estudo recente da Universidade de Bonn, na Alemanha, concluiu que uma noite sem dormir causa sintomas de esquizofrenia. Além disso, um trabalho feito nos Estados Unidos e publicado em agosto mostrou que o risco de obesidade é 20% maior em jovens que dormem menos do que seis horas por noite.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Criadores do Alzheimer in Vitro

Cientistas criam "Alzheimer in vitro"

Modelo descrito na revista "Nature" é o mais perfeito até hoje e vai ajudar os pesquisadores no estudo de métodos de prevenção e combate à doença

O modelo também deve ser útil para o estudo de  outras doenças neurodegenerativas

O modelo também deve ser útil para o estudo de outras doenças neurodegenerativas (Thinkstock/VEJA)
Pela primeira vez, cientistas conseguiram criar o que poderia ser chamado de um “Alzheimer in vitro”. O modelo da doença, desenvolvido por pesquisadores do Hospital Geral de Massachussetts, nos Estados Unidos, consiste em uma cultura de neurônios humanos que reproduzem as estruturas do Alzheimer — dessa maneira, os médicos poderão observar suas etapas em detalhes e estudar métodos de prevenção e tratamento. A pesquisa que descreve como as células foram criadas foi publicada no domingo na revista Nature.
 
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A three-dimensional human neural cell culture model of Alzheimer’s disease

Onde foi divulgada: revista Nature

Quem fez: Rudolph E. Tanzi, Doo Yeon Kim, Se Hoon Choi,Young Hye Kim, Matthias Hebisch, Christopher Sliwinski, Seungkyu Lee, Carla D’Avanzo e outros

Instituição: Hospital Geral de Massachussetts, Universidade Harvard, EUA, e outros

Resultado: Os cientistas criaram um modelo "in vitro" a partir de células-tronco que receberam os genes do Alzheimer, para reproduzir suas estruturas e mostrar em detalhes as etapas que levam as células à morte. 

Um dos grandes desafios do Alzheimer é a criação de modelos que desenvolvam com perfeição seus estágios. Forma mais comum de demência senil, a doença consiste no depósito de placas de proteínas "pegajosas" chamadas beta-amiloides e proteínas tau no cérebro. O acúmulo dessas placas tem sido apontado pelos pesquisadores como um dos responsáveis pelas alterações cerebrais da doença, que levaria à perda de memória. No entanto, os cientistas ainda não sabem o que leva essas proteínas a assumirem uma conformação errada e se depositarem no cérebro, causando a morte dos neurônios.
Até hoje, os modelos mais usados pelos cientistas são ratos que exibem doenças degenerativas — no entanto, eles copiam o Alzheimer de maneira bastante imperfeita. Os animais desenvolvem apenas o acúmulo das placas beta-amiloides, sendo incapazes de reproduzir as proteínas tau.
Criado a partir de células-tronco que receberam os genes da doença, o novo sistema “in-vitro” criado pelos cientistas, reproduz as duas estruturas, mostrando em detalhes as etapas que levam as células à morte.
Pesquisas futuras — Como o cérebro humano é bastante diferente de uma cultura criada em uma placa de vidro, algumas estruturas ainda não puderam ser reproduzidas, como as células do sistema imunológico, que também têm papel importante na doença. No entanto, esse é o modelo mais perfeito já criado pela ciência e deve tornar mais rápido o estudo de medicamentos que possam combater o Alzheimer.
“Nossa estratégia única que captura o Alzheimer em um modelo de cultura neural em 3D também deve servir para facilitar o desenvolvimento de modelos celulares humanos mais precisos para outras doenças neurodegenerativas”, conclui o estudo.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Mais uma análise dos Cientistas

Ansiedade, ciúme e mau humor são fatores de risco para Alzheimer em mulheres

De acordo com pesquisa de 40 anos, mulheres com essas características tiveram um risco duas vezes maior de desenvolver a demência

mulher brava
Cientistas não encontraram relação entre risco de demência e personalidade extrovertida ou introvertida (Thinkstock)
Mulheres ansiosas, ciumentas ou mal-humoradas na meia idade correm mais risco de desenvolver Alzheimer no futuro do que aquelas sem essas características. A conclusão é de um estudo que durou 40 anos e foi publicado nesta quarta-feira no periódico Neurology.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Midlife personality and risk of Alzheimer disease and distress​

Onde foi divulgada: Neurology

Quem fez: Lena Johansson, Xinxin Guo, Paul R. Duberstein, Tore Hällström, Margda Waern, Svante Östling e Ingmar Skoog.

Instituição: Universidade de Gotemburgo, na Suécia.

Resultado: Mulheres na meia idade ciumentas, ansiosas e mal-humoradas podem ter até duas vezes mais risco de desenvolver Alzheimer
"A maioria das pesquisas de Alzheimer analisa fatores como escolaridade, risco cardíaco, trauma na cabeça, genética e histórico familiar", disse a líder da pesquisa, Lena Johannsson, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. "A personalidade também pode influenciar o risco de demência, porque afeta o comportamento, o estilo de vida e a reação ao stress."

Por 38 anos, os cientistas acompanharam 800 mulheres de, em média, 46 anos. Eles analisaram a personalidade das voluntárias por meio de testes de neuroticismo, introversão, extroversão e memória. Ao longo do estudo, dezenove participantes desenvolveram demência. O neuroticismo se refere à facilidade com uma pessoa se desestabiliza emocionalmente e a traços de personalidade como ansiedade, ciúme e mau humor. Pessoas que sofrem de neuroticismo são mais propensas a expressar raiva, culpa, inveja e depressão.


Questionário — Os pesquisadores também perguntaram às voluntárias se elas haviam tido períodos de stress com mais de mês de duração. Stress refere-se a sentimentos de irritabilidade, tensão, nervosismo, medo, ansiedade e distúrbios de sono. As respostas foram avaliadas de zero a cinco, sendo zero nenhum episódio e cinco stress constante nos últimos cinco anos. Mulheres que se enquadraram nas categorias três a cinco foram consideradas estressadas.
De acordo com os cientistas, não foi encontrada nenhuma relação entre o risco de demência e a personalidade introvertida ou extrovertida. No entanto, mulheres que eram ao mesmo tempo introvertidas e estressadas eram aquelas com maior probabilidade de desenvolver Alzheimer. Das 63 participantes com essas características, dezesseis (25%), tiveram Alzheimer, ante oito das 64 (13%) que eram extrovertidas e calmas.