Universo de Memórias

terça-feira, 18 de maio de 2010

Comunicacão com o Idoso com Alzheimer

Além da comunicação verbal que é aquela expressada através das palavras faladas e escritas, a comunicação não-verbal é aquela que se dá por outras vias, como, por exemplo, sinais, gestos, olhares, suspiros, expressões faciais, símbolos, dentre outros.
Em nosso dia-a-dia lançamos mão destas duas formas de comunicação para nos expressar, transmitir mensagens, informar sentimentos e para entender o outro e captar as mensagens.
Para que uma comunicação seja eficaz, é importante que ambas as partes envolvidas estejam em sintonia, ou seja, quem emite e quem recebe a mensagem deve "falar a mesma língua". 
Infelizmente nem sempre o portador da Doença de Alzheimer e seus familiares falam a mesma língua, o que causa ainda mais transtornos para ambos.
O portador de Alzheimer apresenta dificuldades tanto para entender o que o outro diz quanto para se fazer entender. Devido ao comprometimento de memória, é comum esquecerem o nome das coisas e das pessoas.
Eles podem usar nomes inapropriados ou similares para tentar nomear coisas do dia-a-dia.
Por exemplo:
-bolsa por sacola
-pente por escova
-escova de dentes por somente escova
-sabonete por sabão
E milhares de trocas na linguagem que antes lhe era constante e familiar.
Antes de preocupar-se apenas em corrigí-lo a família deve uma melhora no entendimento naquilo que ele procura.
Nestes casos, vale pedir para apontar para o objeto ao qual ele está se referindo.
Se não conseguir esta interação o idoso poderá ficar ainda mais irritado e fechar-se-interiorizar-se como num casulo, dificultando consideravelmente esta comunicação já muito limitada.
Ao se dirigir ao idoso através das palavras, seja claro e direto.
Não use metáforas, não faça rodeio, não use linguajar poético.
Não complicar o idoso com uma frase enorme e bonita.
Falar o necessário, explicar apenas o necessário de forma que ele ainda tenha condições de compreender.
"Podem utilizar-se da delicadeza, não existe a necessidade da rispidez, porém clareza sempre".
O familiar deve ir sempre além da comunicação verbal.
Por exemplo:ao invés de apenas perguntar se o idoso quer uma laranja, ele deve também mostrar a fruta.
Isto facilita muito, pois, se o idoso naquele momento não lembrar-se do que seja uma laranja pode rejeitá-la apenas para não deixar o outro perceber que ele não está se lembrando.
Principalmente no início da doença, quando o idoso percebe seus lapsos de memória, tentará dissimular(por vergonha) para que os outros não percebam esta deficiência.
À medida que as palavras vão "sumindo"(o vocabulário diminui gradativamente)da mente é importante que o familiar se atente mais para a comunicação não verbal.
Gestos podem ser importantes formas de expressar o que se quer comer, beber ou que se quer ir ao banheiro, dormir.
Sussurros e resmungos podem ser uma forma de apontar que está com dor.
Tremores podem ser a única forma de se mostrar que está com frio.
O cuidador deve ter muita sensibilidade para captar estes sinais, além de se esforçar para aumentar mais seu repertório de comunicações não-verbais também.
Como o idoso tem mais facilidade de se expressar pela via do não-verbal não é de se espantar que ele possa entender melhor nesta mesma via, "falando a mesma língua".

Quando em estágio mais avançado da doença o portador da Doença de Alzheimer perde por completo sua capacidade de comunicação.
A comunicação pelo olhar e expressões faciais podem ser as últimas formas a desaparecer, por isto, mesmo nestes pacientes, não deixem de ficar atentos para possíveis expressões de dor e desconforto. 
Quando as formas de comunicação vão se esvaindo, o cuidador deve se lembrar que o idoso não tem mais condições de se comunicar, mas ele não.
Deste modo, mesmo que aparentemente o idoso não esteja ouvindo, fale com ele sempre que for se aproximar, fale coisas boas sobre sentimentos, e utilize-se do toque como uma forma de transmitir afeto, cuidado o segurança.
Isto fará bem para o idoso, mesmo que ele não se dê conta disso, e para a família, que aproveitou ao máximo o tempo que teve ao lado de alguém muito querido.

Mãe-Alzira Margarida encontra-se neste estágio onde a a forma de Comunicação se dá através do que foi descrito(estágio avançado). 
"O meio mais plausível e contundente de comunicar-se é através do olhar".

2 comentários:

  1. Fiquei aqui pensando enquanto lia o seu texto sobre suas experiências de vida ...quanta força você teve , e tem e ainda terá ? Que Deus continue te fortalecendo assim , pra que você possa concluir sua missão de carinho e amor pela sua mãezinha .É de filhas ( os ) assim que as mães precisam!

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  2. Gue, chamo meu caminhar com ela de depuração. Nesta andança, e principalmente no agora, parei de questionar o porquê das memórias todas que aqui escrevo. O que sei é um tempo passado tão rápido. Olho para trás e tudo parece tão longe e tão presente. Minhas forças enfraqueceram muitas e muitas vezes. Apenas, vejo em vários familiares todas as situações passadas com minha mamis. Penso também à frente e vejo(com muito realismo)aqueles no início da doença, os intermediários, os que estão como Dona Alzirinha e como será esta força questionada por você. Te digo:vou com fé na vida!

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