Universo de Memórias

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Uma visita que emocionou o visitante

Olá Pessoas

A intenção aqui nem é um Diário.
A ideia é autenticar cotidianos de uma Cuidadora que auxilia sua preciosa "Margarida" e contar um pouco de passado, presente da Mãe(os envolvidos com ela), futuras pesquisas e afins.
 





Esteve em nossa casa um amigo de adolescência muito querido por todos.
Mamãe esboçou pequena reação, pois em seu sono pegando um solzinho, preferiu dormir sentada(algo comum atualmente na vida dela).
Arcy tocou suas mãos, abraçou, beijou a testa(espontâneamente)da Tia Margarida.
**Ela fica com semblante feliz!
Emoção nos olhos dele! Aquela tia adotada(tão divertida)uma bebê.
Poucas pessoas fazem isto pensando no Alzheimer como uma doença contagiosa ou porque simplesmente não querem, não é de hábito, preferem distanciar-se.
Olham, mas não estão preparadas.
-O medo é maior por imaginarem um futuro igual?
-Mais simples não enxergarem e sentirem-se seguros por um só familiar responsabilizar-se por tudo?
Sabem...um carinho sem dia e hora marcada é tão gratificante como uma oração, uma ajuda, uma participação que dos mais próximos consanguíneos não chega.
Às vezes escrevo no meu cantinho preferido e revejo as ações, acontecimentos dos dias.
Nestes momentos lembro de tantos detalhes e como foi esta escalada-descida(sim, uma montanha russa)até aqui.
Hoje mesmo passou um parente de carro(com seu filho), em frente à minha casa, e nem parou.
Há anos não dá um Oi sequer.
Eu deveria nem ligar mais, mas não tenho Alzheimer!
Confesso uma pontinha decepcionante(por mãe, por mim, por ser um parente meu, dela e por ele próprio-um dia envelhecerá).
Também pela história de convivência quando ele mais precisou.
Residiu 6 anos e algumas abobrinhas com meus Pais no Rio Grande do Sul(quando ambos praticamente o adotaram como filho).
Encaminharam em estudos, educação, trabalho e tantas outras situações.
-O que será que passa pela cabeça dele?
-O que deixou como lembrança para o filho dele...dos meus pais?
-Nada?
-Quais foram as histórias que ele contou ao menino?
Querendo ou não(para meu dissabor)fica algo bizarro.
Aí penso:
-Deleto de vez das nossas memórias ou acredito em "estórias" encantadas onde as finalizações viram abóboras lindas e felizes?

Aprendendo há muito tempo no difícil desapego familiar porque "fingir não sei."
Aprendendo a desabafar, pois trancar emoções é pisar no cimento fresco.
Aprendendo a separar agulhas de algodões macios!

Obrigada à minha gigante família(constituída ao lado do meu marido), às primas, primos, amigos(as) como Arcy porque um afago, um telefonema é prova viva de que nós existimos e aptos de coração ao acolhimento.





Um comentário:

  1. Prezada Marília,
    Muito me emocionei ao ler esta sua matéria, dado que também já estive ao lado de um senhor que sofreu esta doença.
    Sou amigo dos(as) filhos(as) dele, desde os tempos do ginásio, onde coincidentemente, fui colega de sala de aula de dois dos seus filhos.
    Em 2001, lembro-me como se fosse hoje, quando nos reencontramos, depois de 20 anos de separados cada um pra seu canto, aqui em Belo Horizonte, quando fui visitá-los.
    Encontrei a mãe deles internada em um hospital e o pai com esta doença - Alzeimer. Foi uma emoção muito grande quando eu a vi e a cumprimentei. Com ele também!
    Ela não me reconheceu muito bem, mas sabia de que se tratava de um amigo que há muito não o via, mas que sabia que morava muito longe de bh.
    Ele não me conheceu, mas mesmo assim eu e os filhos conversávamos com ele, dizendo quem eu era e ele me olhava, acredito que tentando lembrar ou falar alguma coisa comigo. Pedi a Deus por eles dois. Tenho-os em meu coração!
    Tudo foi, não obstante aquelas cenas, gratificante, por eu saber que mantínhamos a amizade, ainda que separados por muitos anos. Afinal, somos conterrâneos!

    Marília, se me permites, és uma Gigante! És para mim, um exemplo de pessoa humana! Como poucas são! Não está no rol daqueles consanguíneos que vc citou acima, que fogem da responsabilidade filial, até porquê, não sou muito dado às estas coisas de consanguinidade, pois isto somente vem a provar o materialismo do DNA e não do Espírito.
    Eu costumo dizer que de santo eu somente tenho o nome: Geraldo, mas também não sou flor que se cheire; que tenho vergonha dos meus defeitos, mas que também tenho orgulho dos meus valores.
    Fazer novas amizades é um dos meus orgulhos! eheheh!!!!
    Os meus pais, também já são idosos e eu os visito todos os dias, ainda mais que moram perto de mim. Minha mãe, com 81 e o meu pai com 85. Ela uma dessas terceira idade que parece que tem segunda idade e ele, um problema na coluna lombar, igual a mim, com uma artrose sintomática. Ela cuida bem dele!
    Marília, a amizade do sr. Arcy emocionou-me sobremaneira e fêz-me lembrar de um texto, onde escrevi que:

    "Amizade!

    Amigo de meu amigo, pode ser meu amigo, também.
    Gostar de alguém, por pura amizade, também significa desejar-lhe o que de melhor na sua vida possa acontecer.
    Amar o outro como vc se ama, é um caminho. É necessário, então, que eu goste primeiro de mim mesmo, pois somente assim, eu vou poder e conseguir gostar de alguém.
    Amigo ou amiga é aquele(a) que você admira, ama e confia, não obstante os seus defeitos. Sabe que ele(a) sempre terá uma palavra de carinho para lhe dar, seja na hora da turbulência, seja na hora da bonança. Nos acompanha em todos os momentos de nossas vidas, sem o menor interesse que não o de trazer-nos a sua sincera e fraterna companhia, sob quaisquer circunstâncias. Antecipa sua presença; dá conselhos; adverte e reprime, se for preciso e com moral. É silencioso em sua maneira de ser, mas faz muito barulho, se for preciso, exem-plificando com o coração.
    Quanto maior o número de amigos, menor é o número de obstáculos na vida de uma pessoa, uma vez que ele está sempre presente em sua vida dando-lhe o apoio de que necessita, sobretudo estando ao seu alcance.
    A amizade é um substantivo abstrato, entretanto, concreto em suas realizações.
    Algo sublime que alimenta o ser.
    Sentimo-nos bem, desabafando com aquele que nos tem por amigo confiante.
    Com amizade não há inveja, mas respeito pelo sucesso do outro, mesmo que você esteja fora dele. É muito bom; é gostoso ser amigo de alguém.
    Duas amizades são construídas como que ainda na eternidade e para ela seguem juntos.
    Um Amigo, daquele que quer ter um!
    Bottary
    11.07.09"

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