Universo de Memórias

sábado, 26 de maio de 2012

75% dos portadores de Alzheimer desconhecem a doença

O diagnóstico demora, em média, 3 anos. Apenas 20% dos pacientes diagnosticados aderem ao tratamento. Após os 65 anos, a chance de desenvolver Alzheimer duplica a cada cinco anos

Embora vista como natural e resultado do envelhecimento, a perda de memória após os 65 anos de idade deve ser levada a sério, pois pode ser um dos primeiros sinais da doença de Alzheimer, o tipo mais comum de demência, que afeta 36 milhões de pessoas no mundo e cerca de 1,5 milhão de pessoas no Brasil. O Alzheimer, uma doença progressiva e degenerativa, causada pela deterioração das células do cérebro (neurônios), representa de 50 a 70% das demências. A demência é considerada uma síndrome (grupo de sinais físicos e sintomas) que apresenta três características principais: esquecimento ou problemas de memória, alterações no com portamento (agitação, insônia, choro fácil) e perda de habilidades (dirigir, vestir-se, cozinhar).

Segundo o médico Dr. Tíbor Rilho Perroco, psiquiatra e psicogeriatra, membro do Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos (CEREDIC) e Programa Terceira Idade (PROTER) - HCFMUSP, na doença de Alzheimer, os neurônios se degeneram e morrem. “Isso acontece lenta e progressivamente, em um processo que leva alguns anos, processo esse que se inicia muitos anos antes dos primeiros sintomas. Já se sabe que diversos neurotransmissores estão envolvidos nessa degeneração, o principal é a acetilcolina, mas existem outros como, por exemplo, o glutamato.”, explica o médico.

A doença de Alzheimer (DA) se manifesta, primeiramente, na memória recente, aquela que armazena as informações mais novas. Na evolução, pode acometer a linguagem, a habilidade de encontrar palavras, dar nome a objetos, lembrar-se de nome de parentes. “O diagnóstico precoce, aliado ao tratamento medicamentoso e às terapias de apoio, é fundamental, não só para melhorar a qualidade de vida do paciente e do cuidador, como para diminuir a velocidade de progressão da doença, que ainda não tem cura, mas pode ser controlada”, explica Dr. Perroco.

“É importante que os cuidadores procurem médicos especialistas, como neurologistas, psiquiatras e geriatras, para realizarem o diagnóstico da doença de Alzheimer, assim que aparecerem os primeiros sintomas. Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será a resposta aos medicamentos, logo mais lenta será a evolução da doença. Infelizmente isso não é uma realidade em nosso país, os familiares demoram a procurar um médico, achando que os esquecimentos são da idade, ou quando procuram os médicos não estão preparados para fazer um diagnóstico precoce”, esclarece o médico.

A DA tem basicamente três fases: a inicial, a moderada e a grave. Os sintomas mais frequentes na fase moderada a grave são as alterações no comportamento e a perda da memória, em um ritmo mais acelerado. “Embora não haja cura para a doença, alguns medicamentos podem melhorar a agitação do paciente e também diminuir a velocidade de progressão dos sintomas cognitivos, pois agem como neuroprotetores. É caso de Alois, nome comercial da memantina, indicada na fase moderada a grave. A substância impede os efeitos de níveis patologicamente elevados de glutamato que podem levar à disfunção neuronal e evita que o neurônio fique exposto a um influxo excessivo de cálcio, um dos mecanismos responsáveis pela morte neuronal”, informa o especialista.

É importante também que os cuidadores, ou seja, as pessoas que fazem o manejo do paciente, busquem apoio em entidades como a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), que desde 1991 realiza um trabalho de suporte a pacientes e cuidadores, por meio de grupos de apoio, reuniões, eventos, materiais informativos, 0800, entre outros. “A doença de Alzheimer não afeta apenas o paciente, mas toda a família e principalmente o cuidador. A ABRAz tem 21 regionais e mais de 90 grupos de apoio, com profissionais que podem fornecer orientação e suporte para lidar com a doença e suas consequências”, explica Dra. Fernanda Gouveia Paulino, presidente da ABRAz.

“Se você tem um parente idoso, pai, mãe, avós, tios, o importante é ficar atento aos primeiros sinais, a partir dos 65 anos de idade. Ao detectar alguma alteração, o ideal é levar a pessoa ao médico para realizar o diagnóstico o quanto antes”, conclui Dra. Fernanda.

SINAIS INICIAIS DA DOENÇA DE ALZHEIMER – fique atento!

- Perda da memória recente;
- Dificuldade de lembrar o nome de pessoas ou objetos;
- Dificuldade de expressão;
- Apatia, depressão ou alterações no comportamento;
- Dificuldade de localização espacial e temporal.
Mais informações sobre Alzheimer: www.doencadealzheimer.com.br.

2 comentários:

  1. Prima este texto é importante demais, porque essas doenças silenciosas e de ciclagem lenta as vezes nos pegam sem que percebamos. É o mesmo caso de meu marido que tem o Mal de Parkinson, mesmo tendo antecedentes, ele demorou demais no diagnóstico e início de tratamento. O pior de tudo é que no caso dele nem foi desconhecimento, ele tentava se auto-enganar ou se blindar, porque haviam antecedentes na família, e ele optou, talvez inconscientemente, a esconder sintomas do médico, obstruindo o tratamento.

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    1. Inicialmente isto é comum acontecer. A pessoa sente desconfortos, porém com receio de revelar porque são doenças degenarativas. Quanto mais cedo o tratamento(falando de Parkinson) melhores os resultados, pois as pesquisas e tratamentos estão, comparativamente ao Alzheimer, mais avançadas.

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