Universo de Memórias

domingo, 31 de outubro de 2010

O Calendário anda e eu Coruja

Todas as pessoas têm um significado nas nossas vidas.
Nas intercorrências que foram e são.
Encontrarmos o sentido destes significados, nem sempre é tão diferente e impossível.
Por vezes, é somente enxergar o cotidiano, a rotina de uma forma diferente.
A vida pode ser vista de várias maneiras: com os olhos, com a mente e com a intuição.
Mas, a vida só é verdadeiramente conhecida por aqueles que falam e ouvem a linguagem do coração.

Dia 28 deste calendário meu Pai fez sua passagem deste mundo para o outro.
Sempre senti uma saudade boa deste exemplo de vida.
Confesso que desta vez senti com maior intensidade a ausência dele e sem vergonha de dizer-me saudosa.
Nós, os filhos, sempre pensávamos que Mamis era o elo de ligação familiar por ter mais prontidão imediata.
Não percebemos detalhadamente, pois ambos formavam uma Alma só com suas diferentes personalidades.
Isto é tão verdadeiro que levou a italianinha à progressão deste Universo do Alzheimer.
Mesmo um tanto mais recolhida agradeci muito ao Pai Maior por ela não lembrar-se dele.
Seria um enorme sofrimento para ela.
Eita que às vezes dá uma vontade enorme de chutar todas as lembranças!
Impossível!
Ao acordar e vê-la já senti uma sensação de ausência.
Aquele vazio do lado mais amoroso do peito.
Chorei longe dela.
Chorei longe de todos.
Foi bom. Há tempos não chorava.
No após meu coração ficou leve e ocupei-me bastante. Ouvi músicas, trabalhei e tudo passou.
Não transferi essa fragilidade para Dona Alzira. Ela sente à todos nós. Todos os que estão ao redor dela.

Voltando à segunda parte do título:
Retornei ao plantão Coruja(vigilante da madrugada)até que Mãe esteja dormindo tranquilamente.
Sorri neste mesmo dia citado porque mamis sonha.
Impressionante.
Já que não emite palavras acordada ao menos posso ouví-la, ronronando, em algumas madrugadas até correndo nos sonhos porque os pés se movem e ela suspira.
Hoje(domingo)testarei uma outra pessoa para auxiliar-me nos cuidados da semana.
Nos olhos, no trato, no lidar vejo tudo.
Este foi um dos aprendizados ao viver destes anos com minha experiência de mãe-filha-mãe(os papéis se misturam em várias ocasiões).
Tive duas que vieram indicadas para o domingo e sinceramente não as abono para atenderem idosos.
Não são confiáveis. Uma delas tem complexo de inferioridade e tão falsa como uma nota de 400 reais. A outra veio um só domingo afim de averiguar o motivo da anterior não ficar. Essa foi a pessoa mais mentirosa que já passou por aqui.
E se dizem profissionais.
Fiquei de boca aberta.
Portanto, agora será um Enfermeiro que já conheço e lidou com a nossa fofa. Nos Domingos darei um jeito até encontrar a pessoa certa.
Coçando a cabeça aqui. E isso interessa à alguém?
Só sei que necessito de ajuda.
Não tenho mais trinta e poucos anos.
Preciso viver, sair, respirar.
Recomeçar é preciso. Todos os dias.
Não estou chateada. Energia positiva sempre!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A Responsabilidade dos Cuidadores Profissionais para com os Idosos

Já imaginaram a cena a seguir? Já passaram por isso?

Quando contratamos uma pessoa qualificada ou que não possua curso de Cuidador(neste último caso treinamos)evidentemente o processo também se dá por manejo, afinidade, paciência, amorosidade, respeito, cumprimento dos dias anteriormente colocados na Carteira de Trabalho, de horários e principalmente responsabilidades.
O idoso com Alzheimer, em determinado estágio, se apega ao Cuidador contratado também.
Ele não vê únicamente na família um ponto de apoio. O portador possui uma identificação com a voz, a maneira de lidarem com ele.
O que dizer quando o Contratado se aproveita disso para angariar vantagens econômicas, vantagens emocionais, torna-se faltoso, relaxa na responsabilidade assumida?
O melhor é deixá-lo partir. Deixá-lo e investir em outra pessoa.
Nós, cuidadores familiares, temos uma bagagem enorme de vários conceitos no cuidar.
Conseguimos enxergar  profundamente a alma daquele ou daquela que está nos ajudando neste tempo de abnegação.
Fácil detectarmos verdades e mentiras.
O mais comum acontecer é um certo corpo mole pensando:
-Fulano precisa e então me aproveito disso.
Raros são os casos em que, por amizade de longa data, permanecem por muito anos.
Eles esquecem do montante ganho, dos extras recebidos, dos mimos ofertados e de um tratamento como se fossem da família.
Porém, estão sendo remunerados com todas as garantias trabalhistas e isto deveria pesar na hora de uma decisão irresponsável.
Da noite para o dia decidem demitir-se ou fazem das nossas vidas um inferno particular para serem demitidos.
Em trinta dias temos que correr em direção à outro e recomeçarmos as adaptações.
E nossos amados(as) como ficam nisso tudo?
Penso que deveria ter uma Lei nos Apoiando e no mínimo nos Eximindo de alguns Encargos Trabalhistas quando isto ocorre.
Uma Punição deveria ser implementada, aliás, passou do tempo.
Portadores com D.A. bem poderiam a criação de um Sindicato(formados por seus familiares)como porta-voz em várias situações.
Afinal, estão lidando com Idosos Dependentes!
Onde a proteção à Eles com suas Aposentadorias, Pensões Abaixo dos aumentos efetivos de Pisos Salariais?
Onde mora a Palavra Confiança nos dias de Hoje?
Este é o Mundo(um dos detalhes)dos que lutam afim de manterem seus Idosos em seus próprios Lares.
Um País que não respeita as Gerações Anteriores jamais, jamais...formará pessoas dignas.

Meus aplausos aos profissionais de caráter íntegro engajados nesta causa!

Força e Luz à todos(as)!

domingo, 24 de outubro de 2010

Tudo Passa!

Essa ideia de que a gente é encontrada num só sentir torna-se um tanto vaga, com certas lacunas.
Essencialmente temos tendências nos sentimentos, na própria personalidade.
No entanto, com a maioria dos arrebatados pelo Alzheimer, o modo de agirem muda com os anos. Alguns conservam seu temperamento e outros mudam radicalmente. Minha Mãe-Alzirinha- é história viva dessa inversão total.
Faz tempo que não relato nada de transformações ou episódios vividos. 

Se o faço é para auxiliar um pouquinho aquelas famílias que sentem muita estranheza ao lidar com seus amores. Para meu íntimo tudo isso não é mais relevante. Um passado distante, Parece nunca ter acontecido.
Pois bem, voltando na caixa de memórias!

Na grama dos fundos de nossa casa Mãe queimava objetos e até cabelo(quando ela própria cortava). Entendendo a fase na qual se perdia, eu tentava auxiliá-la. Percebia claramente da cabecinha confusa, desses atos perdidos e a protegia.
A questão é que ela foi ficando rápida demais!
Furtava isqueiros nossos, as poucas caixas de fósforos que tínhamos na intenção desgovernada de eliminar papéis(sem a menor noção da importância deles). 
Contê-la não era fácil. Ah não era. O perigo era contundente. Muitos documentos completamente perdidos. Aquilo que pude escondi e outros refiz nos cartórios da cidade.
Mamãe, nesta época, revelou-se um carro de fórmula 1(comparativamente) onde sempre chegava em primeiro lugar.
Algumas pessoas diziam: que horror!
Outras: que filha desnaturada!
E mais outras: esta filha é uma irresponsável!
O significado do Longe é este citado acima.
Eu lá tinha condições de responder?
Ficava tão confusa quanto ela e até raiva sentia porque ninguém queria se aproximar, entender, prontificar-se.
Crianças sem noção e arteiras ao extremo ocupam todo o nosso dia...noites...madrugadas!
Se o dia tivesse 30 horas mamis estaria agindo nelas a todo vapor!
E algum remédio fazia efeito?
Nenhum minha gente.
Portanto, não sou diferente, nem Mãe foi diferente.

Sinto que existem alguns detalhes a serem esclarecidos sobre esse assunto.
Muitas pessoas passam a vida acreditando que se lambuzando de prazeres evitarão sofrimentos.
Isso não é exatamente uma verdade. O fato é que amar é um privilégio e uma oportunidade maravilhosa de nos tornarmos pessoas mais evoluídas e espiritualizadas.
Somos seres absolutamente completos. Nascemos dotados de todas as ferramentas que precisamos para sermos felizes, independentemente de com quem estamos, onde e quando estamos.

A felicidade é uma escolha pessoal, um dom que desabrocha no âmago de cada um, um exercício diário, uma busca que se faz só. Viemos ao mundo para uma missão que só pode ser realizada por nós mesmos e por isso nascemos únicos, singulares e individuais.

As pessoas com quem nos relacionamos, as que escolhemos, as que nos escolhem para amar são nossas companheiras de jornada, são presentes e facilitadoras de Deus nos enviando-as para tornar nossa caminhada mais leve e humanizada. Mas, não são, de forma alguma a nossa felicidade, a nossa realização, a essência de nossa vida.

Percebo que, muitas vezes, entorpecidos por um sentimento genuíno de amor, confundimos o que somos com o que o outro é. Atribuímos a nossa felicidade e a nossa razão de existir ao outro e perdemos a referência de nosso real valor.

Assim, passamos a acreditar que sem o outro não poderíamos nos sentir tão bem, que sem o outro toda a beleza e toda a alegria estariam perdidas, como se tudo de bom (e de ruim também) não existisse – antes de em qualquer outro lugar – dentro de nós mesmos!

É isso: tudo o que somos, sentimos e vemos, tudo o que entendemos como mundo é reflexo do que temos dentro da gente. Assim, se somos felizes ao lado de alguém que amamos é porque nos tornamos capazes de sentir felicidade e de amar.
E se somos tristes e insatisfeitos, também é porque estamos exercendo nossa capacidade de sentir tristeza e de não nos satisfazermos com o que temos.

Ninguém é de ninguém porque não somos coisas. Somos pessoas e pessoas são eternamente ímpares. É o que cultivamos e alimentamos em nós que nos faz ser como somos.

Portanto, sugiro que você comece a se apropriar de sua felicidade como mérito seu, assim como de suas tristezas e insatisfações.
E a partir de então, poderá abrir mão das pessoas, desapegar-se, compreender que o amor que você sente por alguém não torna esse alguém seu, mas apenas uma companhia de aprendizagem e de importantes descobertas.

E, no mesmo raciocínio, poderá exercer todos os seus dons, suas capacidades 
afim de tornar a sua vida e a das pessoas que caminharem ao seu lado muito melhor, mais inteira e, sem dúvida, mais verdadeira!

Estamos bem e fortalecidos.
Será que algum ser faz leitura desse blog?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O que senti Ontem

Recebi de uma amiga e compartilho este pequeno texto-Para nós todas(os)

Nunca, nada será como antes...
Ainda insistimos em ver as mudanças como algo anormal em nossas vidas, em nosso dia a dia. O sol nasce todos os dias, mas… nunca é o mesmo sol e nem o dia é o mesmo. Tem momentos do viver que mudanças muito grandes nos aportam, e mudanças essas que não nos possibilitam insistir que "tudo será como antes". Mesmo abrindo nossos sentidos, mente e espírito para essas novas mudanças, vamos, por assim dizer, nos acreditando que somos capazes de acolher o novo e transpor esse novo àquilo que já foi aprendido, complementando-o.
Apenas necessitamos experimentá-lo e sair ao dia, para que essas nossas novas cores se misturem às cores da vida. Sem exigências, isto é importante. Existe um tempo de adaptação. Comparando-se ao raiar do novo dia, são como aquelas horas que não são nem mais noite(o que não é mais)e nem são dia(o vir a ser)e pouco a pouco vão se misturando ausência e presença de luz, para que tudo acorde, para que tudo possa perceber, acomodar aquilo que a nova luz, o novo dia vai descortinando para a própria vida. Há um tempo nessa passagem, nesse meio de caminho. Ficar além desse tempo é perder oportunidades, é deixar de ver o que a luz do novo dia pode trazer aos nossos olhos. E, como nunca é nada é igual, sempre haverá novas coisas a serem vistas, observadas, vividas e assimiladas.
Observe esse seu tempo de observação, assimilação e aprendizado, mas todas essas coisas existem apenas para se viver, se relacionar, trocar, experienciar. Senão…não há sentido, não tem um porque. Podemos sim, decidir sermos uma caixa, mesmo que bonita e colorida, mas permanecendo fechada e protegida dentro do armário, que torna-se escura, empoeirada e não consegue ter a percepção além das próprias quatro paredes que a contém. São escolhas. Mas nunca, nada será como antes.
*Arminda de Fátima Correia

E, que o Pai Maior nos auxilie(em agradecimento de Alma por ele ao nosso lado nas batalhas diárias)capacitadas por compartilharmos nossos momentos e escolhas.
Meu Beijos de Alma para cada uma de vocês!
Esta é a comunidade que me identifico. Com as pessoas, com o modo de agir, com a maneira de pensar, com a forma de respeitar.
Já descrevi muitos momentos de angústia, de alegrias, de tombar e levantar.
De recriar minha própria vida junto à esta doença implacável e que hoje enxergo mais amena.
Apesar de amar muito minha italianinha sei que os meses passam rápido e o tempo dela pertence a Deus.
Ontem, passei mais um aniversário ao lado desta fênix e quando saí ela olhou-me com ar de contentamento. Não sei explicar ao certo, mas eu sinto.
Gente como eu gostaria de ganhar um abraço, um beijo, uma palavra da rosadinha!!
Que falta me faz isso!
Então nestes segundos em que me senti saudosa...pensei: EU DAREI O ABRAÇO, EU DAREI OS BEIJOS, EU DAREI AS PALAVRAS que mamis sempre pronunciou. Foi o que fiz e me senti tão leve de espírito.
Ontem, Anitinha nos viu na cam enquanto ela tomava seu solzinho e tentava de alguma forma comunicar-se. Olhava para a tela com vivacidade e até um certo ar de questionamento.
Até então ela não estava abrindo os olhos.
Só abriu para as refeições.
Anita, obrigadaaaaaa!!!

Obrigada à quem vibra e chora comigo(quando preciso). Estou mantendo meu equilíbrio e positivismo com ajuda do que leio e nem sempre posto.
Com minha própria auto-estima e FÉ.
Ando repetindo aos ouvidos de mamis:Te Amo muito, muito meu anjo bom. Voe para onde desejar.
Teu espírito é livre, é terno, é bom!

Beijos meu amores!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Razão-Sensibilidade-Afetividade

Na fé da vida, eu sou capaz de me dizer, com amorosidade, que grande parte das vezes eu não sei o que é melhor para mim ou para todos.
Eu não sei tudo, mas sei o suficiente afim de não desesperar-me, de não lançar-me a tantos medos neste ciclo em que minha Mãe está.
Um pouco silenciosa me encontro, porém sabedora do Eu mais profundo(o dela e o meu).
Aquele que a Alma reconhece e por mais julgada ainda seja(com adjetivos imaginários)separo delicadamente o "priorizar".
Todos esses anos vividos e vivos com Mãe ensinou-me a dar atenção aos que merecem e distanciar-me dos brutos, secos, cínicos e pouco evoluídos. Vista a roupagem quem quiser.
Afinal, o mundo aí se encontra para amarmos(preferencialmente), porém insistirmos e investirmos em pessoas que atrapalhem "deliberadamente" o caminho é auto-suicídio.
Quando falo de minha pessoa, daquilo que penso, o mesmo aplica-se à mamis-rosadinha.
Não se trata de clichê, mas de algo maior! Portanto, quem não a ama, não me quer bem e quem não me quer bem, não dará nada de si à ela.
Deixei de questionar nuances da doença.
A única frase que ronda meus pensamentos de quando em vez é: -Até quando?
Não escrevo isto com intenção de livrar-me da minha amada e nem com ansiedade. Apenas, em uma parte pequena, da minha alma já tão calejada a frase chega(tal como hoje).
Conheço razões e sensibilidades e por este motivo acredito no melhor, mesmo que algumas vezes, de cara, eu não consiga entender.

No momento em que sinais estiverem aptos e atentos o título fará sentido.

Baixo nível de testosterona é associado à Doença de Alzheimer-Fonte Yahoo

Homens com hormônio em baixa têm maior predisposição à doença.
Homens que apresentam baixos níveis de testosterona  podem estar mais propensos a desenvolver a Doença de Alzheimer, de acordo com um estudo da Universidade de Saint Louis, nos EUA. Segundo os pesquisadores a descoberta serve como alerta para homens mais velhos com baixos níveis do hormônio e que apresentam problemas de memória ou outros sinais de comprometimento cognitivo.

Para compor esse estudo, 153 homens foram acompanhados em centros sociais. Todos eles tinham mais de 55 anos de idade e não tinham nenhum tipo de demência. Destes homens, 47 tinham comprometimento cognitivo leve ou problemas com perda de memória. Os níveis de testosterona foram acompanhados periodicamente.

Após um ano de pesquisa, 21% dos homens que faziam parte do grupo com algum desvio cognitivo, desenvolveram a Doença de Alzheimer. Todos eles tinham níveis mais baixos de testosterona em seus tecidos do corpo, além de níveis elevados de apolipoproteína E, substância que está correlacionada a um maior risco de doença de Alzheimer e pressão arterial elevada.

De acordo com os cientistas, a testosterona pode ter um valor protetor contra a doença de Alzheimer. Segundo eles, o próximo passo é realizar um estudo em grande escala que investiga o uso do hormônio masculino na prevenção da doença de Alzheimer. Para homens mais velhos, a reposição hormonal da testosterona em homens com problemas de memória, pode ser uma medida preventiva para protelar o Alzheimer.