Universo de Memórias

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Nem todo esquecimento é Alzheimer

 Esquecimento lembra memória. Se for no avançar da idade, então, logo se teme o “alemão”. Contudo, a memória é um processo complexo em que caberiam extensas explicações do ponto de vista neurológico. Já o esquecimento tem sido uma frequente queixa que vem assolando a população. O esquecimento é uma falha na retenção ou na evocação dos dados da memória. Trata-se de um fato comum que, em maior ou menor grau, pode ocorrer com qualquer pessoa. Aliás, cada vez mais constatamos um número de pessoas que se sente incomodado com tal problema e que busca solução.

A principal questão, então, quando falamos de esquecimento é procurar determinar a sua causa. Ou fatores que estejam interferindo no processo da lembrança. Vários são os fatores que podem facilitar ou dificultar o processo de evocar alguma informação. Porém, antes de tentar lembrar, devemos saber que para guardar tal informação precisamos dar atenção a esta. Portanto, não é possível evocar uma informação, se ela não foi devidamente arquivada. E para que o ser humano possa reter na memória  determinada informação, é necessário que sua atenção esteja voltada para isso. Sem atenção, não há qualquer possibilidade de guardar-se um fato e, sem guardá-lo, não há como recuperá-lo depois. Então, resumindo: informação precisa de atenção; com atenção consegue-se retenção da mesma; e com a correta retenção, consegue-se evocar esta informação. Pois bem, então como falamos anteriormente em causas, precisamos verificar se as causas do esquecimento não estariam no processo da atenção. 

Veja a vida moderna de uma pessoa. Assiste TV, escreve no computador, atende ao celular e responde as mensagens, enquanto tenta prestar atenção a conversa com alguém. Tudo ao mesmo tempo. Deu atenção a que? Não sabemos... Então, dependendo do que a pessoa deu mais atenção, ela conseguirá se lembrar com mais facilidade de uma destas tarefas que estava executando. As demais ficarão com certo grau de comprometimento de esquecimento. Portanto, o combate ao esquecimento deve levar em conta a capacidade de atenção e o poder de concentração dado a tal tarefa ou informação.

É bem sabido que o interesse pessoal sobre determinado assunto faz com que a pessoa consiga reter tais informações com mais facilidade. E é de conhecimento também de que a carga emocional que está associada a informação também interfere neste processo de memorização. Quem não teve um fato marcante que jamais foi esquecido?

Por outro lado, nos tempos modernos, fatores emocionais negativos também tem atrapalhado esse processo de memória. Pessoas sofrendo de ansiedade, estresse, depressão corriqueiramente se queixam de esquecimento. Todos esses processos emocionais levam a um prejuízo da preciosa atenção. E também da concentração. São os conhecidos fatores internos e externos que desprendem a atenção e a concentração e, como consequência impedem a retenção das informações desejadas, gerando a sensação de que o indivíduo está “sem memória”. Impressão de que a memória está falhando no desempenho diário, trabalho, para uns nomes de pessoas, para outros, nomes das coisas, ou mesmo lembrar-se de compromissos e acontecimentos recentes. Se os prejuízos sobre a memória forem muito intensos, podem provocar alterações temporárias conhecidas como “brancos”. São situações que comumente ocorrem em condições de ansiedade intensa.

Portanto, então como melhorar ou evitar as falhas de memória? Começar a dar mais atenção ao que se está realizando. Diminuir a quantidade de estímulos interceptados ao mesmo tempo. O Cérebro precisa trabalhar com um estímulo de cada vez. Prestar atenção também é uma forma de tomar o conhecimento de forma mais profunda, tentando reter o máximo de informações naquele determinado momento. Concentrar-se no que se está realizando ou observando. A retenção da memória será mais bem obtida e a evocação mais facilitada. Não se preocupe que não tem ligação com a memória dos processos demenciais. Aproveite que é algo que ainda está ao seu alcance e pode ser cada vez mais aprimorado.

A maioria das pessoas com problema de esquecimento, na verdade, não tem nada de errado com a sua memória.


Ilustração: Marília Bahr

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