Universo de Memórias

domingo, 31 de outubro de 2010

O Calendário anda e eu Coruja

Todas as pessoas têm um significado nas nossas vidas.
Nas intercorrências que foram e são.
Encontrarmos o sentido destes significados, nem sempre é tão diferente e impossível.
Por vezes, é somente enxergar o cotidiano, a rotina de uma forma diferente.
A vida pode ser vista de várias maneiras: com os olhos, com a mente e com a intuição.
Mas, a vida só é verdadeiramente conhecida por aqueles que falam e ouvem a linguagem do coração.

Dia 28 deste calendário meu Pai fez sua passagem deste mundo para o outro.
Sempre senti uma saudade boa deste exemplo de vida.
Confesso que desta vez senti com maior intensidade a ausência dele e sem vergonha de dizer-me saudosa.
Nós, os filhos, sempre pensávamos que Mamis era o elo de ligação familiar por ter mais prontidão imediata.
Não percebemos detalhadamente, pois ambos formavam uma Alma só com suas diferentes personalidades.
Isto é tão verdadeiro que levou a italianinha à progressão deste Universo do Alzheimer.
Mesmo um tanto mais recolhida agradeci muito ao Pai Maior por ela não lembrar-se dele.
Seria um enorme sofrimento para ela.
Eita que às vezes dá uma vontade enorme de chutar todas as lembranças!
Impossível!
Ao acordar e vê-la já senti uma sensação de ausência.
Aquele vazio do lado mais amoroso do peito.
Chorei longe dela.
Chorei longe de todos.
Foi bom. Há tempos não chorava.
No após meu coração ficou leve e ocupei-me bastante. Ouvi músicas, trabalhei e tudo passou.
Não transferi essa fragilidade para Dona Alzira. Ela sente à todos nós. Todos os que estão ao redor dela.

Voltando à segunda parte do título:
Retornei ao plantão Coruja(vigilante da madrugada)até que Mãe esteja dormindo tranquilamente.
Sorri neste mesmo dia citado porque mamis sonha.
Impressionante.
Já que não emite palavras acordada ao menos posso ouví-la, ronronando, em algumas madrugadas até correndo nos sonhos porque os pés se movem e ela suspira.
Hoje(domingo)testarei uma outra pessoa para auxiliar-me nos cuidados da semana.
Nos olhos, no trato, no lidar vejo tudo.
Este foi um dos aprendizados ao viver destes anos com minha experiência de mãe-filha-mãe(os papéis se misturam em várias ocasiões).
Tive duas que vieram indicadas para o domingo e sinceramente não as abono para atenderem idosos.
Não são confiáveis. Uma delas tem complexo de inferioridade e tão falsa como uma nota de 400 reais. A outra veio um só domingo afim de averiguar o motivo da anterior não ficar. Essa foi a pessoa mais mentirosa que já passou por aqui.
E se dizem profissionais.
Fiquei de boca aberta.
Portanto, agora será um Enfermeiro que já conheço e lidou com a nossa fofa. Nos Domingos darei um jeito até encontrar a pessoa certa.
Coçando a cabeça aqui. E isso interessa à alguém?
Só sei que necessito de ajuda.
Não tenho mais trinta e poucos anos.
Preciso viver, sair, respirar.
Recomeçar é preciso. Todos os dias.
Não estou chateada. Energia positiva sempre!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A Responsabilidade dos Cuidadores Profissionais para com os Idosos

Já imaginaram a cena a seguir? Já passaram por isso?

Quando contratamos uma pessoa qualificada ou que não possua curso de Cuidador(neste último caso treinamos)evidentemente o processo também se dá por manejo, afinidade, paciência, amorosidade, respeito, cumprimento dos dias anteriormente colocados na Carteira de Trabalho, de horários e principalmente responsabilidades.
O idoso com Alzheimer, em determinado estágio, se apega ao Cuidador contratado também.
Ele não vê únicamente na família um ponto de apoio. O portador possui uma identificação com a voz, a maneira de lidarem com ele.
O que dizer quando o Contratado se aproveita disso para angariar vantagens econômicas, vantagens emocionais, torna-se faltoso, relaxa na responsabilidade assumida?
O melhor é deixá-lo partir. Deixá-lo e investir em outra pessoa.
Nós, cuidadores familiares, temos uma bagagem enorme de vários conceitos no cuidar.
Conseguimos enxergar  profundamente a alma daquele ou daquela que está nos ajudando neste tempo de abnegação.
Fácil detectarmos verdades e mentiras.
O mais comum acontecer é um certo corpo mole pensando:
-Fulano precisa e então me aproveito disso.
Raros são os casos em que, por amizade de longa data, permanecem por muito anos.
Eles esquecem do montante ganho, dos extras recebidos, dos mimos ofertados e de um tratamento como se fossem da família.
Porém, estão sendo remunerados com todas as garantias trabalhistas e isto deveria pesar na hora de uma decisão irresponsável.
Da noite para o dia decidem demitir-se ou fazem das nossas vidas um inferno particular para serem demitidos.
Em trinta dias temos que correr em direção à outro e recomeçarmos as adaptações.
E nossos amados(as) como ficam nisso tudo?
Penso que deveria ter uma Lei nos Apoiando e no mínimo nos Eximindo de alguns Encargos Trabalhistas quando isto ocorre.
Uma Punição deveria ser implementada, aliás, passou do tempo.
Portadores com D.A. bem poderiam a criação de um Sindicato(formados por seus familiares)como porta-voz em várias situações.
Afinal, estão lidando com Idosos Dependentes!
Onde a proteção à Eles com suas Aposentadorias, Pensões Abaixo dos aumentos efetivos de Pisos Salariais?
Onde mora a Palavra Confiança nos dias de Hoje?
Este é o Mundo(um dos detalhes)dos que lutam afim de manterem seus Idosos em seus próprios Lares.
Um País que não respeita as Gerações Anteriores jamais, jamais...formará pessoas dignas.

Meus aplausos aos profissionais de caráter íntegro engajados nesta causa!

Força e Luz à todos(as)!

domingo, 24 de outubro de 2010

Tudo Passa!

Essa ideia de que a gente é encontrada num só sentir torna-se um tanto vaga, com certas lacunas.
Essencialmente temos tendências nos sentimentos, na própria personalidade.
No entanto, com a maioria dos arrebatados pelo Alzheimer, o modo de agirem muda com os anos. Alguns conservam seu temperamento e outros mudam radicalmente. Minha Mãe-Alzirinha- é história viva dessa inversão total.
Faz tempo que não relato nada de transformações ou episódios vividos. 

Se o faço é para auxiliar um pouquinho aquelas famílias que sentem muita estranheza ao lidar com seus amores. Para meu íntimo tudo isso não é mais relevante. Um passado distante, Parece nunca ter acontecido.
Pois bem, voltando na caixa de memórias!

Na grama dos fundos de nossa casa Mãe queimava objetos e até cabelo(quando ela própria cortava). Entendendo a fase na qual se perdia, eu tentava auxiliá-la. Percebia claramente da cabecinha confusa, desses atos perdidos e a protegia.
A questão é que ela foi ficando rápida demais!
Furtava isqueiros nossos, as poucas caixas de fósforos que tínhamos na intenção desgovernada de eliminar papéis(sem a menor noção da importância deles). 
Contê-la não era fácil. Ah não era. O perigo era contundente. Muitos documentos completamente perdidos. Aquilo que pude escondi e outros refiz nos cartórios da cidade.
Mamãe, nesta época, revelou-se um carro de fórmula 1(comparativamente) onde sempre chegava em primeiro lugar.
Algumas pessoas diziam: que horror!
Outras: que filha desnaturada!
E mais outras: esta filha é uma irresponsável!
O significado do Longe é este citado acima.
Eu lá tinha condições de responder?
Ficava tão confusa quanto ela e até raiva sentia porque ninguém queria se aproximar, entender, prontificar-se.
Crianças sem noção e arteiras ao extremo ocupam todo o nosso dia...noites...madrugadas!
Se o dia tivesse 30 horas mamis estaria agindo nelas a todo vapor!
E algum remédio fazia efeito?
Nenhum minha gente.
Portanto, não sou diferente, nem Mãe foi diferente.

Sinto que existem alguns detalhes a serem esclarecidos sobre esse assunto.
Muitas pessoas passam a vida acreditando que se lambuzando de prazeres evitarão sofrimentos.
Isso não é exatamente uma verdade. O fato é que amar é um privilégio e uma oportunidade maravilhosa de nos tornarmos pessoas mais evoluídas e espiritualizadas.
Somos seres absolutamente completos. Nascemos dotados de todas as ferramentas que precisamos para sermos felizes, independentemente de com quem estamos, onde e quando estamos.

A felicidade é uma escolha pessoal, um dom que desabrocha no âmago de cada um, um exercício diário, uma busca que se faz só. Viemos ao mundo para uma missão que só pode ser realizada por nós mesmos e por isso nascemos únicos, singulares e individuais.

As pessoas com quem nos relacionamos, as que escolhemos, as que nos escolhem para amar são nossas companheiras de jornada, são presentes e facilitadoras de Deus nos enviando-as para tornar nossa caminhada mais leve e humanizada. Mas, não são, de forma alguma a nossa felicidade, a nossa realização, a essência de nossa vida.

Percebo que, muitas vezes, entorpecidos por um sentimento genuíno de amor, confundimos o que somos com o que o outro é. Atribuímos a nossa felicidade e a nossa razão de existir ao outro e perdemos a referência de nosso real valor.

Assim, passamos a acreditar que sem o outro não poderíamos nos sentir tão bem, que sem o outro toda a beleza e toda a alegria estariam perdidas, como se tudo de bom (e de ruim também) não existisse – antes de em qualquer outro lugar – dentro de nós mesmos!

É isso: tudo o que somos, sentimos e vemos, tudo o que entendemos como mundo é reflexo do que temos dentro da gente. Assim, se somos felizes ao lado de alguém que amamos é porque nos tornamos capazes de sentir felicidade e de amar.
E se somos tristes e insatisfeitos, também é porque estamos exercendo nossa capacidade de sentir tristeza e de não nos satisfazermos com o que temos.

Ninguém é de ninguém porque não somos coisas. Somos pessoas e pessoas são eternamente ímpares. É o que cultivamos e alimentamos em nós que nos faz ser como somos.

Portanto, sugiro que você comece a se apropriar de sua felicidade como mérito seu, assim como de suas tristezas e insatisfações.
E a partir de então, poderá abrir mão das pessoas, desapegar-se, compreender que o amor que você sente por alguém não torna esse alguém seu, mas apenas uma companhia de aprendizagem e de importantes descobertas.

E, no mesmo raciocínio, poderá exercer todos os seus dons, suas capacidades 
afim de tornar a sua vida e a das pessoas que caminharem ao seu lado muito melhor, mais inteira e, sem dúvida, mais verdadeira!

Estamos bem e fortalecidos.
Será que algum ser faz leitura desse blog?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O que senti Ontem

Recebi de uma amiga e compartilho este pequeno texto-Para nós todas(os)

Nunca, nada será como antes...
Ainda insistimos em ver as mudanças como algo anormal em nossas vidas, em nosso dia a dia. O sol nasce todos os dias, mas… nunca é o mesmo sol e nem o dia é o mesmo. Tem momentos do viver que mudanças muito grandes nos aportam, e mudanças essas que não nos possibilitam insistir que "tudo será como antes". Mesmo abrindo nossos sentidos, mente e espírito para essas novas mudanças, vamos, por assim dizer, nos acreditando que somos capazes de acolher o novo e transpor esse novo àquilo que já foi aprendido, complementando-o.
Apenas necessitamos experimentá-lo e sair ao dia, para que essas nossas novas cores se misturem às cores da vida. Sem exigências, isto é importante. Existe um tempo de adaptação. Comparando-se ao raiar do novo dia, são como aquelas horas que não são nem mais noite(o que não é mais)e nem são dia(o vir a ser)e pouco a pouco vão se misturando ausência e presença de luz, para que tudo acorde, para que tudo possa perceber, acomodar aquilo que a nova luz, o novo dia vai descortinando para a própria vida. Há um tempo nessa passagem, nesse meio de caminho. Ficar além desse tempo é perder oportunidades, é deixar de ver o que a luz do novo dia pode trazer aos nossos olhos. E, como nunca é nada é igual, sempre haverá novas coisas a serem vistas, observadas, vividas e assimiladas.
Observe esse seu tempo de observação, assimilação e aprendizado, mas todas essas coisas existem apenas para se viver, se relacionar, trocar, experienciar. Senão…não há sentido, não tem um porque. Podemos sim, decidir sermos uma caixa, mesmo que bonita e colorida, mas permanecendo fechada e protegida dentro do armário, que torna-se escura, empoeirada e não consegue ter a percepção além das próprias quatro paredes que a contém. São escolhas. Mas nunca, nada será como antes.
*Arminda de Fátima Correia

E, que o Pai Maior nos auxilie(em agradecimento de Alma por ele ao nosso lado nas batalhas diárias)capacitadas por compartilharmos nossos momentos e escolhas.
Meu Beijos de Alma para cada uma de vocês!
Esta é a comunidade que me identifico. Com as pessoas, com o modo de agir, com a maneira de pensar, com a forma de respeitar.
Já descrevi muitos momentos de angústia, de alegrias, de tombar e levantar.
De recriar minha própria vida junto à esta doença implacável e que hoje enxergo mais amena.
Apesar de amar muito minha italianinha sei que os meses passam rápido e o tempo dela pertence a Deus.
Ontem, passei mais um aniversário ao lado desta fênix e quando saí ela olhou-me com ar de contentamento. Não sei explicar ao certo, mas eu sinto.
Gente como eu gostaria de ganhar um abraço, um beijo, uma palavra da rosadinha!!
Que falta me faz isso!
Então nestes segundos em que me senti saudosa...pensei: EU DAREI O ABRAÇO, EU DAREI OS BEIJOS, EU DAREI AS PALAVRAS que mamis sempre pronunciou. Foi o que fiz e me senti tão leve de espírito.
Ontem, Anitinha nos viu na cam enquanto ela tomava seu solzinho e tentava de alguma forma comunicar-se. Olhava para a tela com vivacidade e até um certo ar de questionamento.
Até então ela não estava abrindo os olhos.
Só abriu para as refeições.
Anita, obrigadaaaaaa!!!

Obrigada à quem vibra e chora comigo(quando preciso). Estou mantendo meu equilíbrio e positivismo com ajuda do que leio e nem sempre posto.
Com minha própria auto-estima e FÉ.
Ando repetindo aos ouvidos de mamis:Te Amo muito, muito meu anjo bom. Voe para onde desejar.
Teu espírito é livre, é terno, é bom!

Beijos meu amores!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Razão-Sensibilidade-Afetividade

Na fé da vida, eu sou capaz de me dizer, com amorosidade, que grande parte das vezes eu não sei o que é melhor para mim ou para todos.
Eu não sei tudo, mas sei o suficiente afim de não desesperar-me, de não lançar-me a tantos medos neste ciclo em que minha Mãe está.
Um pouco silenciosa me encontro, porém sabedora do Eu mais profundo(o dela e o meu).
Aquele que a Alma reconhece e por mais julgada ainda seja(com adjetivos imaginários)separo delicadamente o "priorizar".
Todos esses anos vividos e vivos com Mãe ensinou-me a dar atenção aos que merecem e distanciar-me dos brutos, secos, cínicos e pouco evoluídos. Vista a roupagem quem quiser.
Afinal, o mundo aí se encontra para amarmos(preferencialmente), porém insistirmos e investirmos em pessoas que atrapalhem "deliberadamente" o caminho é auto-suicídio.
Quando falo de minha pessoa, daquilo que penso, o mesmo aplica-se à mamis-rosadinha.
Não se trata de clichê, mas de algo maior! Portanto, quem não a ama, não me quer bem e quem não me quer bem, não dará nada de si à ela.
Deixei de questionar nuances da doença.
A única frase que ronda meus pensamentos de quando em vez é: -Até quando?
Não escrevo isto com intenção de livrar-me da minha amada e nem com ansiedade. Apenas, em uma parte pequena, da minha alma já tão calejada a frase chega(tal como hoje).
Conheço razões e sensibilidades e por este motivo acredito no melhor, mesmo que algumas vezes, de cara, eu não consiga entender.

No momento em que sinais estiverem aptos e atentos o título fará sentido.

Baixo nível de testosterona é associado à Doença de Alzheimer-Fonte Yahoo

Homens com hormônio em baixa têm maior predisposição à doença.
Homens que apresentam baixos níveis de testosterona  podem estar mais propensos a desenvolver a Doença de Alzheimer, de acordo com um estudo da Universidade de Saint Louis, nos EUA. Segundo os pesquisadores a descoberta serve como alerta para homens mais velhos com baixos níveis do hormônio e que apresentam problemas de memória ou outros sinais de comprometimento cognitivo.

Para compor esse estudo, 153 homens foram acompanhados em centros sociais. Todos eles tinham mais de 55 anos de idade e não tinham nenhum tipo de demência. Destes homens, 47 tinham comprometimento cognitivo leve ou problemas com perda de memória. Os níveis de testosterona foram acompanhados periodicamente.

Após um ano de pesquisa, 21% dos homens que faziam parte do grupo com algum desvio cognitivo, desenvolveram a Doença de Alzheimer. Todos eles tinham níveis mais baixos de testosterona em seus tecidos do corpo, além de níveis elevados de apolipoproteína E, substância que está correlacionada a um maior risco de doença de Alzheimer e pressão arterial elevada.

De acordo com os cientistas, a testosterona pode ter um valor protetor contra a doença de Alzheimer. Segundo eles, o próximo passo é realizar um estudo em grande escala que investiga o uso do hormônio masculino na prevenção da doença de Alzheimer. Para homens mais velhos, a reposição hormonal da testosterona em homens com problemas de memória, pode ser uma medida preventiva para protelar o Alzheimer.  
  

sábado, 2 de outubro de 2010

A Visão de uma Psicóloga

DOENÇA ALZHEIMER
CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE A DOENÇA!
Um olhar mais humano é o que precisamos!

Encontro de Arlete e D.Lair em Campinas SP
 “Haverá sempre encontros entre os seres e um sempre olhará pelo outro”

Conhecer para se manifestar!
O mundo inteiro proclama por justiças, mas quem faz as leis são os mesmos homens que as condenam. Quantos de nós ficaríamos parados diante de fatos grotescos e acontecimentos trágicos? Quantas vidas seríamos capazes de salvar e quantas vezes nos propomos a salvá-las?
O fato é que as doenças muitas vezes se tornam obras humanas de puro descaso. A maior parte da humanidade condena, mas não se manifesta e, não se mobiliza, não transforma.
Portanto não é irrelevante colocar a frase: “-Somos todos responsáveis pelas vidas humanas!”
A doença por si só já faz uma parte e tanto, ela é capaz de transformar vidas, bem como paralisar ou mobilizar pessoas porque as colocam em vários questionamentos.
Os questionamentos humanos têm o poder de mexer com uma grande camada de pessoas porque eles são vistos em forma de ações e reações.
Muitos de nós vamos obedecer a uma lei humana, a da troca. Hoje é impossível falarmos em sobrevivência sem ter em mente a presença de outro ser humano. Podemos sobreviver, mas de uma forma muito doentia. Nosso corpo e mente se adaptam aos diversos lugares, formas, mas é no trocar que nos descobrimos de verdade.
A solidão humana é condição de reflexão, mas nossa vida está muito atrelada a um mundo exterior que nos atinge o tempo todo e temos que participar dele, aprender com ele e transformá-lo para o nosso próprio bem estar e do outro.
O que chamamos de humano é essa capacidade de conhecer-nos dentro de um mundo onde existem outros seres e nos compreender dentro dessa dinâmica e transformá-la para um bem comum.
Essa força em comum é o que todos nós queremos que impere e que por muitas vezes a chamamos de Solidariedade.
A solidariedade é o caminho para muitas curas, para amenizar muitas dores, transformar muitas vidas.
É desse ponto de vista que gostaria de pedir a atenção de todos para as doenças humanas. As piores doenças são aquelas onde existe o abandono, o preconceito, a falta de união.
Sejamos mais humanos quanto à dor do outro, mais atentos conosco, mais flexíveis com o nosso universo, com nossas questões humanas. Sejamos mais curiosos quanto às doenças, saibamos como estas se manifestam e quem são seus portadores, quais os avanços para a cura.
Deixamos de sermos espectadores das dores do outro, vamos ajudá-los de alguma forma, somente assim poderemos ter a nossa própria ajuda, pois tudo na vida é um ciclo, afinal nossos desejos são desejos de muitos outros.
Quando as pessoas se unem, muitos criam coragem e começam a participar. A maioria de nós precisa de estímulos para sair do lugar. Sejamos então estes estimuladores.
Alguma coisa tem que mudar nesse mundo, humanizar é preciso!

VAmos que VAmos!

Falamos em mudanças e a informação é fundamental para mudarmos. Informação precisa e preciosa, aquela que ajuda a entender o dia-a-dia de uma doença. Com boa informação uma pessoa pode se acalmar e reorganizar sua vida, vencer obstáculos e ganhar batalhas. A qualidade de vida deveria ser um objetivo a ser alcançado por todos, mas para isso precisamos fazer com que nossa vida passe a ter sentido.
O que faz sentido para você?
Obviamente o que nos faz mais sentido é aquilo que temos capacidade de criar. Nossa criação é nosso maior patrimônio como humanos. Isso não é diferente para um portador de uma doença. O resgate daquilo que lhe fez sentido é o melhor o remédio para se vencê-la.
Devemos resgatar nossas vontades e nossos desejos humanos, devemos proclamar uma reformulação para as nossas vidas. Devemos procurar no íntimo e nos experimentar como construtores e devemos buscar para as nossas vidas e de outros um “amanhecer mais bonito”.
E se informação é instrumento para muitas melhorias, gostaria de lhes apresentar uma das comunidades no Orkut, a ALZHEIMER RESEARCH, que vem fazendo um papel muito importante para quem tem familiar ou quem precisa e se interessa em compreender melhor a Doença Alzheimer.
Dicas importantes de como lidar com um portador de Alzheimer, o dia-a-dia a ser vencidos, médicos, medicamentos, acontecimentos, internações, parte jurídica, neurológica entre outras e acima de tudo histórias de vidas humanas, muita doação e carinho por parte dos cuidadores e amigos interessados.
Alzheimer é uma doença muito difícil para o portador e muito desgastante para o cuidador, também é uma lição de vida, de cuidados e de amor. Forte são os acontecimentos, as dores sentidas, os dias a ser vencidos. Forte também é a perseverança, a fé é um instrumento diário, as orações são bálsamos para as almas que em conjunto com o amor se tornam energias vitais para os corações guerreiros dos “escolhidos”, os cuidadores. Há tristezas porque também há abandonos por parte de muitos, mas há alegrias porque existem esses “anjos” que não descansam.
Creio que a doença veio para nos ensinar que temos uma jornada e um papel dentro desta e que jamais devemos nos desviar de nossas missões. O auto abandono como indivíduo, nossas faltas e ausências conosco, nossa rigidez diante de nossas vontades próprias em benefício somente do outro nos trai e nos petrifica a alma, por isso, a doença é conhecida como a doença da alma. É uma degeneração do corpo que morre aos poucos e uma “demenciação”, a mente se ausenta e o que mantém a alma de pé é o amor do outro que entra como fonte de energia, mas que não consegue uma comunicação pelas vias conhecidas por todos, ficando somente um olhar vago, que diz muito se soubermos interpretá-lo.
Assim, se quisermos mudar e humanizar o mundo será preciso mudar o nosso modo de pensar sobre ele, nos descobrirmos como pessoas que somos, enfrentarmos nossas próprias angústias, aprendermos a passar por frustrações e acima de tudo nos amarmos verdadeiramente. Urgentemente precisamos nos doar ao outro sem desperdiçar tanta energia própria. Temos que verdadeiramente nos descobrirmos como seres naturais, atrelados a natureza (flora, fauna), captar energias do universo e não das pessoas e revigorar nossas fontes devolvendo a natureza todo o bem que ela nos tem dado.
Respeitar um portador de uma doença qualquer é respeitar a si mesmo, pois ninguém estará completamente imune de portar uma doença ao longo de sua vida. Ajudar na recuperação de uma doença qualquer é exercer o papel de ser humano e assim fundamentar nossas próprias vontades e desejos de receber um bem Maior e transformá-las em realidade.
A Alzheimer Research é uma comunidade amiga do portador da D.A. (doença de Alzheimer)
Na comunidade encontramos muitas histórias de vidas, várias pessoas lutando para um amanhecer mais bonito e uma solidariedade sem tamanho.

Campinas-SP
 Rosana e D.Lair
Dona Lair era portadora da D.A. a mais de quinze anos, mas acima de tudo um ser humano que ensinou um ofício, o de que a vida de um só ser é capaz de transformar muitas outras vidas e aguçar um olhar mais humano. Obviamente outros olhares se afastaram por preconceitos originários da própria ignorância, de um não saber cuidar, de um “não estar nem aí”, mas imperou o amor de alguns seres formidáveis, especialmente de sua filha Rosana Nied que com um cuidado e um trato muito especial fez com que sua vida fosse a mais digna e amorosa possível. Hoje é uma estrela lá no céu! Através dela que todas as estrelas lá no céu se sintam homenageadas!

Curitiba-PR

Dona Alzira completou nesse mês de setembro 86 anos de idade e quase dezoito anos de D.A. e nos ensina que a vida se renova mesmo diante das adversidades. Ela enfrenta hoje as mesmas dificuldades que Dona Lair e família enfrentaram e também recebe tamanho amor e dedicação, um tratamento mais humanizado, especial, cheio de cuidados, especialmente da filha Marília Bahr que tem uma sensibilidade e uma preocupação de entender outras formas de comunicação, principalmente através do olhar de Dona Alzira que lhe é tão supremo. Através de Dona Alzira, carinhosamente chamada de italianinha rosada homenageamos outros portadores da D.A., seres humanos que nos ensinam a ter um olhar mais atento e a alma mais profunda em relação ao cuidar aos cuidados.
 Marília Becher Bahr
Acesse o blog e conheça mais sobre histórias de vida e o dia-a-dia de um portador e cuidador de Alzheimer.

Há no mundo todo muitos portadores da doença Alzheimer. Os portadores de D.A. merecem nossa atenção não só pelos aspectos da doença, mas também pelas formas de tratamento que lhes são oferecidas. Há muito descasos com os portadores e fatalmente muitos abandonos. Que esses dois exemplos de amor sejam seguidos por todo o mundo e que não fique nenhuma dúvida: - O AMOR é o caminho da cura para a alma humana!  
Os cuidados com os portadores de D.A. merecem destaque, mas temos que ressaltar a participação de pessoas solidárias que também faz parte do processo de um olhar mais humanizado. Na comunidade Alzheimer Research, encontramos pessoas engajadas na causa, que independentemente de terem entes doentes procuram ajudar os cuidadores, confortando, orientando, participando de todo um processo de aprendizagem e sensibilização humana.
São Miguel - RN

Anita Lira se destaca exatamente por proporcionar aos cuidadores essa sensação acolhedora, fortalecendo os elos entre as pessoas, trazendo sempre uma mensagem de amor e esperança. Ela representa outros que de alguma forma vem ajudando e incentivando o cuidar no dia-a-dia do portador, sejam na forma de oração, mensagens, apoios individuais, informações preciosas sobre a doença, dicas, etc. 
Nosso convite é para que todos participem!



Texto: Arlete Bistocchi