Universo de Memórias

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dia Mundial do Alzheimer-Conscientização

No improviso-a evolução da Doença de Alzheimer em desenhos feitos por minha mãe.
Em voz.
Autora da formatação e voz:
Marília Becher Bahr

Na realidade eu gostaria de ter comentado mais à respeito desses desenhos.
O tempo foi curto e tudo na pressa, no improviso. 

Muitos erros ao narrar, visto que são desenhos de minha "mãe já com Alzheimer" e fui interrompida inúmeras vezes por pessoas que circulavam à minha volta. Eu fazendo gestos para que não interrompessem.
Selecionei alguns e na sequência percebe-se que ela queria comunicar-se.
Não coloquei mais por não encontrá-los. Provável ela ter rasgado como costumava fazer com outros papéis e documentos. Na segunda fase era o que mais desaparecia e não por perdê-los, mas por dar um fim em fotos e os citados acima.
Às vezes colocava tudo na grama dos fundos da minha casa e queimava. 

Salvamos o que pudemos na época. Bastavam uns minutinhos e acredito, conhecendo-a e vivenciando esta etapa, não queria vínculos com o passado. Somando com acessos de agressividade e fúria.
A tentativa de dizer o que sentia estampou-se claramente nestes escaneados.
O nome, o sobrenome, a letra em si foram se perdendo. O colorido também.
Quando vistos, os da caneta, a pressão era fortíssima no papel. 

Um indicador da frustração, e analisando por convivência, a agressividade em seu íntimo. Agressividade que se dava nestes contornos citados, palavras e gestos.
Percebam que ela gostava do vermelho, roxo, pink. Cores intensas. 

Minha filha presentou a vó com vários estojos de caneta. Porém, os tons mais suaves a mãe descartava. 
No último desenho(e lembro:foi o último mesmo)ela tentou nos dizer que tudo estava confuso e daí para frente não mais desenhou.
Minha filha até colocava no colo dela um caderno e vários apetrechos. Apatia. 

Depois disso umas revistas onde apreciava o colorido e comentava algo sobre as novelas e artistas. Passou então a andar e andar sem trégua. Sem direção, sem rumo.
Isto é só um pedacinho de uma história verídica.


2 comentários:

  1. Ela desenhava muito bem.Sua descrição lembrou de minha mãe. Embora o que ela tenha seja demência de pick, os sintomas são bem similares.
    Ass. Mirian
    miriankc@hotmail.com

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  2. Miriam, os sintomas(por se tratarem de demências)são realmente semelhantes.
    Abraços

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