Universo de Memórias

sábado, 29 de maio de 2010

Algumas Dicas e Informações

SEMPRE CONSULTEM OS MÉDICOS QUE SÃO RESPONSÁVEIS
POR SEU FAMILIAR 


1-Para eliminar cheiro de urina do colchão especial(anti-escaras):
-Utilizar uma garrafa vazia de álcool
-Metade de uma garrafa com álcool.
-A outra metade espremer limões.
-Passar a cada troca de fraldas no leito quando o paciente for acamado
e também onde senta num eventual descontrole deste gênero.
-Ingestão de líquidos(fundamental para não desitratar)
Verão-Inverno de vital importãncia.
-O correto é oferecer uma alimentação saudável-o mais natural possível-preferencialmente, que supra as necessidades diárias de cada pessoa
2-Para quem possui intestino preso e com tendência de formação dos fecalomas aqui vai uma dica:
>>Não é aconselhável para diabéticos
Ingredientes
.1 pedaço pequeno de beterraba
.2 ou 3 ameixas pretas em calda(colocar um pouquinho da calda também)
.1 pedaço de abacate maduro
.1 pedaço de mamão papaia
.Bate tudo no liquidificador
.A quantidade é para dar meio copo
.Oferecer entre as principais refeições 2 ou 3 vezes ao dia
3-Para aqueles que sofrem com gases outra dica simples:
Fazê-los arrotar a cada refeição. Como fazíamos com os bebês. 
Evita a retenção dos gases que doem e causam desconfortos enormes.
Como liberá-los?
Massageando na vertical(da metade da coluna até o início do pescoço), em forma circular também dá bom resultado.
4-A higiene oral deve ser realizada após cada refeição ou no mínimo 3 vezes ao dia.
-Com prótese a escovação com cerdas macias. Incentivá-los à este hábito com tubos de pastas chamativas, coloridas ou de gosto agradável.
-Na falta de próteses utilizar gaze embebido em anti-sépticos orais(suaves)utilizar uma luva cirúrgica(com o dedo indicador)passar em toda gengiva.
-Averiguar se não ficam resíduos na língua porque podem causar infecções e até sufocamentos em estágio avançado.
5-A avaliação nutricional deve ser agilizada mensalmente
-Através do peso(emagrecimento-ganho excessivo).
Neste caso o especialista no assunto fará averiguações destas causas e o clínico geral.
Exames complementares são necessários para afastar a hipótese de outras doenças oportunistas, se é diabético, hipertenso. 
Para cada um existe a dieta específica.
Não se pode levar em conta somente o fator: Alzheimer.  
-Quais os alimentos mais adequados para a fase do doente(se ele ainda mastiga, se os alimentos precisam ser amassados com garfo, quando em papinhas e/ou passados no liquidificador).
-Ocorrência dos engasgos e tosses constantes ao alimentar-se(disfagia-dificuldade da deglutição)necessita de observação constante por parte de quem cuida.
A disfagia é definida como uma dificuldade em deglutir ou uma sensação de comida "presa" na garganta ou no esôfago. Consultar Fonoaudiólogos.
-Ingestão de líquidos(fundamental para não desitratar)
Verão-Inverno de vital importância.
-O correto é oferecer uma alimentação saudável-o mais natural possível-preferencialmente que supra as necessidades diárias de cada pessoa e seu Histórico Clínico.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Uma Carta-Relato para a Neurologista

O dia em que observei-acompanhei.
Sem perguntas.
Não as fiz. Somente ouvi e respondi claramente e objetivamente algumas perguntas.
Segue...
E, finalmente minha mãe acorda em um domingo chuvoso, olha no relógio: são nove horas,
não sabe onde está.
Lembra que não lembra, depois ativa a memória e pensa que não tem ninguém para visitar.
Quer a casa da mãe dela.
Quer que alguém a leve.
Quer o pai dela.
Verifica a fronha do traveseiro sem abrí-la. Só apalpa para sentir a bolsa e outros cacarecos
ali misturados.
Diz que é tarde.
Depois não fala mais.
Escuta os barulhos da casa, ouve vozes conhecidas, me diz: saia daqui.
Vira o rosto para o outro lado e volta a dormir.
Uma hora depois liga a luz, coloca-se em pé, já procura coisas que perdeu(mudava os lugares de guardar).
No seu quarto liga a TV, troca repetidamente de canais, várias propagandas, desenhos,
notícias de uma menina desaparecida.
Nada lhe interessa. É como se não ouvisse nada.
Esquece de desligar a televisão.
A manhã poderia durar uma, duas, três, dez horas que não faria diferença nenhuma.
Não neste dia.
Depois de longos 37 minutos já estava vestida e pronta para sair.
Apenas sem esquecer o banho, escovar os dentes, porém sem o café da manhã, sem bom dia.
Ignorou à todos. Foi como se estivesse sozinha, com seu mundo bloqueado. E estava.
Nas mãos tinha um convite de semanas atrás, "vencido", dessas campanhas-confraternizações
afim de arrecadar fundos para a construção de uma igreja próxima à nossa casa.
Um almoço-churrasco pagos pelos participantes doadores.
Soltou de maneira tímida um sorriso ao ver a data errada do convite.
A data ela perguntou-me.
Pediu leite com arroz. Eu não tinha arroz cozido naquele horário. Ela mesma preparou e comeu aquela mistura.
Confesso:meu estômago embrulhou e tudo em mim embrulhou.
Busquei meu equilíbrio e, tenha plena certeza Dra. Elani, distanciei-me da visão de filha.
Neste dia fiz um pacto comigo mesma para apenas um olhar de análise a seu pedido.
Depois passamos em uma loja, que estava fechada, vendo o preço do presente que tinha ganho no natal.
Minutos após ela afirmava não ter ganho nada.
Fechou a cara. Não olhou nos meus olhos. Desviou, ignorou por completo.  
Espantou os esquecimentos e quis a volta para casa.
Ao entrar na sala, constatou que nossa moradia precisava de uma organização, para não dizer limpeza, urgente!
Não tinha noção que ao fazer isso estaria entrando em um mundo com fotos, objetos, cartas e tantas outras coisas perturbadoras.
Mas, esbarrar em um sapato ou sandália na porta era algo inconcebível segundo minha mãe.
Trocou de roupa(na época dividia o quarto com minha filha), abriu todos os armários, todas as gavetas, todas as bolsas, tudo que estava guardado e literalmente jogou no meio da sala, sem nenhum cuidado, sem importar-se realmente.
Trouxe uma garrafa com água tendo pouca consciência que aquilo levaria o resto da tarde de seu domingo.
Dizia:
Este vou dar. Este vou queimar. Este não quero mais. Este "não sei quem é". Este "não sei o que é".
-O que é isto Marília?
-Uma caixa de fitas com músicas italianas que o Pai te deu.
-Não lembro. Vou queimar.
E continuou...
Viu num pedaço de papel, um nome, um número de telefone, tão fácil de gravar e se perguntou(em voz alta)por que não lembrava.
De repente levantou-se e pediu-me o almoço. Já passava das 16 horas da tarde. Esquentei o risoto, frango, polenta frita e ela não mais voltou para o que estava fazendo.
Falou da irmã que estava viajando, da saudade que estava sentindo.
Detalhe: esta irmã não estava viajando.
Inclusive ligou e perguntou:
-A Alzira não veio hoje?
-Tá tudo bem?
Pois é...não deixou espaço caso aparecesse mais alguém que valesse a pena dar sinal de vida.
Recolheu-se. Não brigou. Não xingou. Não bateu em ninguém. Ausente. Totalmente ausente.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quando Mãe utilizou fraldas

Mamis já não controlava mais a micção e um pouco depois a evacuação.
Praticamente ambas as funções fisiológicas bem comprometidas desde o final da primeira fase.
Retardamos o uso de fraldas até onde foi possível com estímulos para não esquecer visto que ingeria muita água, sucos, chás e café com leite.
Os líquidos(hidratar)são vitais, a questão é moderar os horários.
Horários bem definidos para os líquidos. Principalmente durante a noite.
Algo que eu não conseguia organizar, inicialmente, porque Alzira italianinha era muito irriquieta.
Tive uma ideia, na época, que funcionou(além de lembrá-la do banheiro).
Se foi fácil?
Não.
Exercício de paciência. Nós não tínhamos cuidadora, apenas uma diarista.
Eu dizia que no dia seguinte nós iríamos viajar e não daria tempo para o banho.
Nesta época ainda tomava banho só com a minha supervisão.
Ela mesma pedia.
Tinha medo de cair.
A tal labirintite e a medicação que até hoje me deixa com uma pulguinha atrás da orelha.
Este, ela tomava regularmente, sem queixas ou birras.
Aliás, eu tinha que esconder o remédio e deixá-la tomar só na hora certa.
Um princípio ativo muito forte e sempre fiquei com uma dúvida, pois através de leituras no google descobri que após 6 meses de uso contínuo uma pausa deveria ser dada.
Depois, na dependência, é que não gostava da minha ajuda.
"Parece crueldade, porém foi uma tática".
No amanhecer ela não recordava o dito na noite anterior.
De tanto eu repetir, Dona Alzira condicionou-se.
Consegui evitar por uns bons meses embora algumas escapadas inevitáveis
em todos os lugares da casa.
Quando efetivamente o descontrole total chegou, as fraldas voavam junto.
Era um tal de rasgar, tirar, jogá-las ao lado da cama, na parede, na janela e dirigir-se ao banheiro deixando rastros por onde passava.
Eu não sei o que foi pior. Se o antes ou o depois.
Falava:não quero esta calcinha diferente!
Era agitada e plugada em mil baterias, vasto vocabulário e não discernia uma fralda de uma calcinha.
Tempo de muito desgaste, criatividade e compreensão.
Em Abril de 2005 aceitou-as.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A aprendizagem é gradativa

É um processo no qual adquirimos conhecimentos, habilidades, discernimento.
Em milhares de ocasiões me vi resgatando experiências, já existentes, com minha avó materna, tios(as), primos(as) que foram presentes nesta história-memória de vida.
Uma delas, extremamente marcante, foi o dialeto italiano.
Ai de mim se não tivesse convivido com estes parentes falantes, animados, bravos e festeiros.
Principalmente com a nona, uma fofa, minha madrinha, meu grude.
Não sei me virar na escrita, mas entendo bem o dialeto.
Minha mama passou períodos parlando iatalianês.

Foi curioso! Divertido! Relaxante!

De repente chochichava uma palavra no meu ouvido e eu dava continuidade em voz alta(meio atrapalhada)e ríamos juntas.Era um tipo de elo para que ela dialogasse com todos da casa por dias a fio.
Pelo menos se tinha um resgate do bom humor da italianinha.
Intrigante porque nestes períodos citados ela esquecia todas as amarguras.
Um resgate gostoso de viver!
Eu embarcava no navio dela e algumas falas, de origem, seriam impublicáveis.
Dizia-me dos gostos pessoais, da mama, da casa que morava, da mesa enorrrrme com todos or irmãos e irmãs reunidas, do meu marido(adora ele até hoje-demonstra nos olhos), dos meus filhos.
Um adendo aqui:
Outra curiosidade é que Gabi jamais cresceu na lembrança de mamis.
Sempre teve 7-8 anos e quando se referia à ela sempre preocupada em comprar um vestidinho bonito. Curioso não?
Mas, nunca mais lembrou ou tocou no nome do meu pai. Outra curiosidade intrigante.
Nestes momentos a concentração era focada nestes assuntos e pessoas.
Eu traduzia tudo para Beto, Dú e Gabi, pois eles nada entendiam.
Bons tempos! Leves! Animadores!

Mesmo no estágio mais avançado do Alzheimer existiu um ano do calendário que pronunciava palavras isoladas um tanto compreensíveis.
As dificuldades estavam maiores.
Por uma semana inteirinha tivemos a grata satisfação de ouví-la: parlando, parlando.
Monossílaba, porém comunicando-se em voz.
Ainda ensinou um pouco da língua pátria de onde veio.
Mamamia são tantos trechos...
Postarei conforme as lembranças chegarem.

O título desta postagem sugere o nosso aprendizado.

Quando nos tornamos os que furtavam

A incapacidade de raciocinar, de compreender, de fazer juízo crítico das coisas, a dificuldade de percepção, de comunicação e "confusão mental" levaram Dona Alzira Margarida, nas fases anteriores(mais acentuada na segunda), à acusações repetidas de furtos.
Furtos que eram dirigidos aos lugares-pessoas onde frequentava à todos nós da casa e mais contundentes ao genro.
Mamis perdia tudo, desde pentes até documentos importantes.
Eu plastificava e autenticava no cartório a documentação dela em grande quantidade(RG-CPF-Telefone-Celulares Nossos-Médicos dela)e até de uma amiga(Mariza-obrigada amiga)prontificada em auxiliar.
Não havia quem a segurasse, nem mesmo as medicações específicas.
Quando meu marido chegava da loja ela dizia:
-Você pegou meus bobies
-Você pegou meu batom
-Você escondeu isso ou aquilo
-Cadê minha sombrinha?
-Você pegou e deu de presente minha touca de banho
Beto baixava a guarda e falava:
-Vamos procurar?
Então ela se manifestava:
-Tá bom. Eu duvido que ache.

HOJE, quando lembro disso me chegam sorrisos.
**"Não se trata de rir da minha fofa, mas sim das particularidades vividas."
"No início não era nada engraçado."
Nós da casa já sabíamos e o Beto também.
Bastava entrar no "quarto-cofre" e tudo era encontrado ou quase tudo!
Dona Alzira era uma ratinha troca-troca de lugares.
Eu, eleita em todos os desaparecimentos. Desde um lápis até dinheiro.
Confusão generalizada, pois toda semana(às vezes mais)meu comparecimento ao Banco para esclarecimentos-elucidações junto aos gerentes.
Ela movimentava suas contas transferindo em espécie de uma para outra.
Óbvio que também retirava e não sei ao certo, até os dias atuais, quais eram os destinos.
Alguns eu descobri mais tarde, outros simplesmente sumiram.
Quando assumi definitivamente esta responsabilidade pude reorganizar este segmento ou o que restou dele.

Após algum tempo nos demos apelidos e aquela tiração de onda com o meu marido...
Hum, batons é???
Ihhh! Bobies?
(Ele autorizou-me a escrever estes detalhes).
Acho este o motivo, entre outros, para ela gostar tanto dele até hoje.
Tínhamos que manter o bom humor, então brincávamos uns com os outros.
Aprendi sozinha, a princípio, com minha pequena família e no tranco.
Já descrevi, certa vez, de todas as coisas depositadas na fronha do travesseiro.
Aquilo pesava uma tonelada!!!
A gente encontrava de tudo ali, especialmente sombrinhas.
E mamis brigava, brigava...no após pedia desculpas.
Foram períodos de muita paciência, irritantes, hilários e de cansaço.
Não sei de onde tiramos a metodologia e organização para não surtarmos juntos com a doença dela.

**Pouco antes do estágio em que se encontra descobri zilhões de objetos nossos na casa dos fundos onde ela vagava e confundia-se levando coisas pessoais de cada um de nós. Foi como se abríssemos o baú das recordações.






terça-feira, 18 de maio de 2010

Mãe, vestuário e aparência

Dona Alzira sempre foi uma pessoa vaidosa, investia na aparência com seus saltos de 10-12 centímetros e trajes muito bem escolhidos.
Dois anos pós partida do marido, a italianinha limitava-se a colocar uma saia preta e blusas brancas ou estampadas em preto e branco.
Os sapatos transformaram-se em pretos e de saltos bem mais baixos ou tamancos.
Depois desta observação, não me lembro ao certo a data, ela iniciou um processo diferente:vestia quase sempre a mesma roupa, já nem olhava atentamente para o que tinha dentro dos armários.
Eu cheguei a conversar sobre isto incentivando-a a separar por cores e que o luto havia acabado, mas na memória dela o luto seria eterno.
Recordo-me de vê-la vestindo roupas um pouco sujas e não as deixava lavar. 
Insistia e afirmava que estavam limpas.
Neste tempo passava a chave nos armários, eu não podia acessá-los. 
Só mais tarde consegui cópias das chaves e rapidamente pegava algumas e dá-lhe esfregar, secar e passar.
Então, eu colocava outra parecida no cabide e mamis não percebia.
Uma maratona.
Esquecia dos banhos e tomava dois, três.
Ainda bem porque depois veio a negação para banhos.
Esta é outra narrativa, para outra descrição.
Certa vez, quando estava por sair comigo e minha prima, abotoou um casaco de lã e errou a primeira casa. Claro que o casaco ficou torto e abaixo sobrou tecido.
Nós, tentando ajudá-la.
Virou-se para a sobrinha e disse:
-Eu dou um jeito.
Ela dirigiu-se ao quarto e voltou com a ponta do casaco cortada por uma tesoura.
Minha prima disfarçou, mas olhou para mim muito assustada.
Eu não disse uma palavra.
Pensei comigo mesma: minha mãe não está nada bem...
O mesmo fato ocorreu em outra situação com outro casaco. O mesmo proceder.
Escondi as tesouras. 
Em outros episódios esquecia de colocar as meias finas(não usava calças compridas), esquecia que tinha feito permanente(na época chamavam assim-encrespava os cabelos com aqueles bobies de alumínio).
Um adendo aqui.
Um salão que ela elegeu, na época, aproveitava-se da situação e fazia este procedimento químico uma vez por semana.
Tive que dar uma chega prá lá na funcionária e taxativamente dizer-lhe:
-Estou vendo!
-Daqui em diante você colocará um condicionador no lugar deste produto!
Esquecia se passava blush e dá-lhe novamente! Nem precisava dele porque sempre foi corada.
Eu limpava as maçãs do rosto dela e levava beliscões.
Confesso que não tinha muito tato nesta ocasião. Depois entendi e a distraía com outras conversas e retirava um pouquinho do blush. Nem sempre eu conseguia.
Esquecia que estava em lugares públicos e inocentemente abria o zíper da saia para pegar dinheiro da calcinha de lycra, também com zíper.
"Estas eu comprava e levava à costureira para que a profissional fizesse um compartimento interno onde os documentos plastificados deveriam ficar."
O tempo passando e mamis enchendo cada vez mais de coisas(algo direcionado só para identificação).
Uma preocupação constante.
Na verdade funcionou até ela acamar-se.
Enfim, ela não se enxergava mais e quando enxergava não via a pessoa que foi.

Comunicacão com o Idoso com Alzheimer

Além da comunicação verbal que é aquela expressada através das palavras faladas e escritas, a comunicação não-verbal é aquela que se dá por outras vias, como, por exemplo, sinais, gestos, olhares, suspiros, expressões faciais, símbolos, dentre outros.
Em nosso dia-a-dia lançamos mão destas duas formas de comunicação para nos expressar, transmitir mensagens, informar sentimentos e para entender o outro e captar as mensagens.
Para que uma comunicação seja eficaz, é importante que ambas as partes envolvidas estejam em sintonia, ou seja, quem emite e quem recebe a mensagem deve "falar a mesma língua". 
Infelizmente nem sempre o portador da Doença de Alzheimer e seus familiares falam a mesma língua, o que causa ainda mais transtornos para ambos.
O portador de Alzheimer apresenta dificuldades tanto para entender o que o outro diz quanto para se fazer entender. Devido ao comprometimento de memória, é comum esquecerem o nome das coisas e das pessoas.
Eles podem usar nomes inapropriados ou similares para tentar nomear coisas do dia-a-dia.
Por exemplo:
-bolsa por sacola
-pente por escova
-escova de dentes por somente escova
-sabonete por sabão
E milhares de trocas na linguagem que antes lhe era constante e familiar.
Antes de preocupar-se apenas em corrigí-lo a família deve uma melhora no entendimento naquilo que ele procura.
Nestes casos, vale pedir para apontar para o objeto ao qual ele está se referindo.
Se não conseguir esta interação o idoso poderá ficar ainda mais irritado e fechar-se-interiorizar-se como num casulo, dificultando consideravelmente esta comunicação já muito limitada.
Ao se dirigir ao idoso através das palavras, seja claro e direto.
Não use metáforas, não faça rodeio, não use linguajar poético.
Não complicar o idoso com uma frase enorme e bonita.
Falar o necessário, explicar apenas o necessário de forma que ele ainda tenha condições de compreender.
"Podem utilizar-se da delicadeza, não existe a necessidade da rispidez, porém clareza sempre".
O familiar deve ir sempre além da comunicação verbal.
Por exemplo:ao invés de apenas perguntar se o idoso quer uma laranja, ele deve também mostrar a fruta.
Isto facilita muito, pois, se o idoso naquele momento não lembrar-se do que seja uma laranja pode rejeitá-la apenas para não deixar o outro perceber que ele não está se lembrando.
Principalmente no início da doença, quando o idoso percebe seus lapsos de memória, tentará dissimular(por vergonha) para que os outros não percebam esta deficiência.
À medida que as palavras vão "sumindo"(o vocabulário diminui gradativamente)da mente é importante que o familiar se atente mais para a comunicação não verbal.
Gestos podem ser importantes formas de expressar o que se quer comer, beber ou que se quer ir ao banheiro, dormir.
Sussurros e resmungos podem ser uma forma de apontar que está com dor.
Tremores podem ser a única forma de se mostrar que está com frio.
O cuidador deve ter muita sensibilidade para captar estes sinais, além de se esforçar para aumentar mais seu repertório de comunicações não-verbais também.
Como o idoso tem mais facilidade de se expressar pela via do não-verbal não é de se espantar que ele possa entender melhor nesta mesma via, "falando a mesma língua".

Quando em estágio mais avançado da doença o portador da Doença de Alzheimer perde por completo sua capacidade de comunicação.
A comunicação pelo olhar e expressões faciais podem ser as últimas formas a desaparecer, por isto, mesmo nestes pacientes, não deixem de ficar atentos para possíveis expressões de dor e desconforto. 
Quando as formas de comunicação vão se esvaindo, o cuidador deve se lembrar que o idoso não tem mais condições de se comunicar, mas ele não.
Deste modo, mesmo que aparentemente o idoso não esteja ouvindo, fale com ele sempre que for se aproximar, fale coisas boas sobre sentimentos, e utilize-se do toque como uma forma de transmitir afeto, cuidado o segurança.
Isto fará bem para o idoso, mesmo que ele não se dê conta disso, e para a família, que aproveitou ao máximo o tempo que teve ao lado de alguém muito querido.

Mãe-Alzira Margarida encontra-se neste estágio onde a a forma de Comunicação se dá através do que foi descrito(estágio avançado). 
"O meio mais plausível e contundente de comunicar-se é através do olhar".

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Texto para refletirmos-acrescentarmos

Sabemos que o organismo num todo é diferente em cada pessoa(com Alzheimer ou não).
Não entendam como discurso ambientalista, pois naveguei neste Universo por longos anos.
Ainda contribuo quando me é possível.
Perdi a contagem de quantas horas-anos trabalhei com as comunidades, educando.
Na época em que nem se tinha notícias na mídia sobre o assunto.
Ganhei experiência e só agradeço.

Recebemos cotidianamente todo o impacto causado por descasos à nossa qualidade de vida.
Aqueles que causamos à nós mesmos e os agentes externos que independem da nossa escolha.
Falam tanto de tecnologias, novas tendências sustentáveis para o Planeta e esquecem do primordial: SAÚDE!
-O que temos feito em prol da nossa saúde se vivemos "ao inteiro" em grandes aglomerados urbanos?
-O que existe de benefício no chamado Sistema Público de Atendimento Precário?
Para doenças simples a situação já é caótica, imaginem para enfermidades crônicas, de urgência e degenerativas.
Urgente remodelarem tal setor governamental!
Urgente copiarmos modelos que funcionem efetivamente!

Acredito que os fatores ambientais são nossos carrascos se à eles não dermos importância e agentes causadores do Alzheimer.
Algumas influências ambientais externas tais como:
-Poluição do Ar
-Poluição Sonora
-Poluição Visual
-Poluição das Águas
-Saúde Pública
-Segurança Pública
Algumas influências Internas:
-Alimentos Industrializados
-Alimentos inadequados
-Sedentarismo
-Estresse
-Tempo para um sono reparador
-Falta de lazer
Estes poucos exemplos parecem insignificantes, porém, uma sobreposição de modelagens sucessivas no quadro da nossa identidade enquanto partes deste todo:
-Agentes químicos
-Agentes fisiológicos
-Agentes psicológicos
Já refletiram sobre este pequeno detalhamento?

O ser humano é feito de hábitos escoando seu tempo de vida instantaneamente ao nascerem, no desenvolvimento, amadurecimento.
Para agirmos sobre nós mesmos é necessário não esquecermos o movimento próprio.
Não devemos modificar brutalmente a nossa forma, mas podemos adaptá-las sem grandes sofrimentos.
Nenhum melhoramento profundo do corpo, da mente ou do espírito pode obter-se rapidamente.
O nosso crescimento faz-se à custa de uma constante expurgação de elementos nocivos de nós próprios.
Possuímos, no início da vida, vastas possibilidades.
O nosso desenvolvimento só é limitado pelas fronteiras extensivas das nossas predisposições adquiridas e/ou adicionais.
A possibilidade de mudá-las garantirá um envelhecimento melhor e mais saudável.

Ao lado de cada futuro idoso estão os projetos de todos aqueles que ele poderia ter sido, de todas as suas potencialidades esquecidas e não concluídas.
Penso que uma das causas do Alzheimer está diretamente ligada ao ambiente passado e presente.

domingo, 16 de maio de 2010

Quando minha filha escreveu

Juntei as peças do seu escrito e entendi o quanto, nos seus 16 anos, a situação toda a machucava.

Hoje teremos aniversário da vó.
Parece o tempo correr desde os 80 anos.
Da insanidade se colhem boas ideias.
Eu vejo as nuvens nadando no céu escuro, com as luzes artificiais e uma melodia inventada em minha cabeça.
Chego, por um momento, a ignorar os outros sons e minha visão se limita ao infinito da minha mente.
Árvores, prédios, luzes, sirenes, motores, chuva, vento.
ESTOU MUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUITO CANSADA DE PESSOAS.
Com todas as suas arrogâncias, mentiras, falta de compaixão, cinismos, futilidades, superficialidades.
Posso ser um Peixe?
Analisar os fatos.
Já que somos uma pessoa só, ao amá-la eu amo a mim mesma, e ao me amar eu a amo.
Com isso, ao me tornar uma pessoa feliz, ela se torna feliz !?
Então falemos de efeitos físicos.
Se eu estiver com dor de barriga, ela também estará?
Mas, depende da dor de barriga.
Assim como depende da união, pessoa e ambiente propício para que isso ocorra.
Uma música, quem sabe?
Melodia?
Sintonia...?
Dor de cabeça?
Não, talvez borboletas no estômago.
Ou, quem sabe, um aquecimento repentino na área mais gorda de sua região facial?
Voltando à análise: A partir do momento que somos uma pessoa só, surge a tendência do melhor desempenho para com a minha própria pessoa, ou seja, para com o outro.
Me sinto com as mãos atadas.
O que eu me tornei, o que eu sempre fui pode não agradar muitas pessoas, mas outras sim e é com elas que eu me importo.

Alzira Margarida, hoje faz 81 anos.
E de um ano para cá muita coisa mudou e pensávamos que não seria tão rápido assim.
Você olha nos meus olhos, estou na sua frente mas sei que preciso fazer isso.
Olho para baixo e passo ao seu lado, será que ainda me conhece?
Percebo seu incômodo perante a tudo e creio que saiba o que fez por todos.
Como nós, os seres humanos, somos contraditórios.
Até irrita.
É invevitável não soltar palavrões quando eu paro para pensar em tudo o que aconteceu com ela.
A alma em seu próprio questionamento.
Elas morrem, sabia?
Não se surpreenda, afinal você é apenas uma fonte de vida para ela, nada mais.

NÓ.

As pessoas precisam ser salvas!
Parabéns vó!

O Julgamento dos que estão distantes

Esta foto foi tirada antes de nos deslocarmos a Uma cerimônia de Casamento. 
Sempre estivemos junto à Mãe em todos os eventos. 
Reparem que eu não conseguia controlar o blush no rosto de A. Margarida. 
Um ano e alguns poucos meses depois dessa data ela entraria na fase semi-acamada e dependência total.

Sempre começo minhas memórias de filha como a penseira do Professor Dumbledore(Harry Potter), para liberar um pouco de espaço na minha mente e assim auto-avaliar e aprender coisas novas.
Venho aqui compartilhar um ponto de vista sobre momentos(à medida que posso e for lembrando). Minha forma atual de entender as coisas.
Não é para ensinar ou afirmar: é assim ou assado.
Quem sabe um futuro livro cujo título nem sei.
Não pretendo convencer ninguém, nem estar com a verdade absoluta, pois às vezes o que é escrito pode não representar, nem condizer com a vida tão singular de cada ser humano.
Cada um dá o que tem e faz o que pode dentro do seu atual conhecimento, capacidade, disponibilidade de saúde-tempo e financeira.
Muitas vezes ficamos ansiosas na busca de tantas respostas, tantas informações que antes não chegavam.
Esperamos que outras pessoas façam o que cabe primeiramente a cada um de nós fazer: viver(não apenas sobreviver)animar-se e respeitar-se.
Isso é preciso vir de dentro para fora e de fora...bem, quando for uma dica com boas intenções(mesmo contrária ao nosso proceder).
Aquele refletir: poxa, não me ocorreu esta ideia.
Não é apenas um momento de exibição é uma troca de energias.
Bem, voltando à dança, agora pergunto:
Onde eu parei?
Escrever o quê?
Em muitos momentos entrar nesta Dança do Alzheimer foi e é igual a enfiar a cabeça na boca dos leões.
Mãe modificava suas atitudes, seu comportamento numa velocidade incrível!
Raros os dias em que havia um diálogo sem delírios, comportamentos de toda ordem.
O acompanhamento de palpites chegavam juntos, mas nem sempre com conotação de ajuda verdadeira.
Era uma espécie de julgamento velado.
Em outros vinham com suas garras bem afiadas.
Lembro-me de uma conversa com uma vizinha de bairro quando eu retornava do trabalho.
Pegou-me de surpresa porque Dona Alzira, justamente naquela tarde, estava comigo.
Eu a levei para dar-lhe alguma ocupação na Loja de Brinquedos.
Resultado:tive que pagar um extra(voltei mais cedo)ao meu sobrinho porque ela odiou.
A vizinha apontou-me o dedo na cara dizendo que eu deveria parar com minha profissão e ser do lar.
Parar em casa!
Que, deste modo, ela ficaria boa!
Que eu não a levava para passear!
Que a mãe dela(sem alzheimer)recebia muito carinho pelo motivo das filhas se dedicarem integralmente e que ela era uma dona de casa e só por isto a mamãe, com muito mais idade, não tinha doenças.
Ouvi tantas barbaridades e sem querer meu instinto me fez soltar uma risada com a mão tampando a boca.
A mulher ficou mais falante(cri-cri-cri)e neste meio tempo a Dona Alzira Margarida desceu do carro.
Aí foi o terremoto. Não sobraram margaridas.
Mamis soltou o verbo!
Um vocabulário até então desconhecido para esta pessoa.
Eu nem precisei explicar-me ou dar algum tipo de satisfação.
Sinceramente, naqueles instantes, eu só cuidei da sombrinha que estava na mão de Alzirinha porque o objeto andou perto das fuças da outra.
Defendeu-me como uma leoa. Olha, até gostei e muito. Quem não gostaria...
A tal saiu com o farol baixo e poucos anos mais tarde eu soube que ela mandou a sra. sua genitora para outra filha.
Não aguentava mais.
Sorte que tinha irmãs dispostas no apoio.

Concluindo:espere um pouco...onde estava minha Alma nisso tudo?
Meu coração?
Onde eu estava?
Na boca do povo e eu nem sabia.

E...ainda estou...sinto isto claramente.

sábado, 15 de maio de 2010

Vídeos de Alzheimer - Marília

Entender um Portador de Alzheimer?

"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi, nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma."
(Ricardo Reis)

Mãe sempre foi clara, objetiva, sincera, franca, amorosa, mas nada infantil ao escolher seus níveis de convivência e afinidades.
Ela teve suas vitórias e derrotas na vida tanto quanto qualquer pessoa neste mundo.
Vida de muita luta, família numerosa de 10 irmãos(5 mulheres, 5 homens). Ela, a caçula, e 4 anos depois veio mais um irmão.
O meu avô faleceu cedo. Não o conheci.
Mais tarde, já casada com meu pai, assumiria minha avó e este irmão mais novo com muitos vícios.
O que marcou minha mãe, foi a experiência e trauma das suas próprias dificuldades internas em lidar com isso.
Temia pela minha avó que na época quis mudar de casa e não mais morar conosco.
A ideia não foi bem aceita, pois em nossa casa mamãe protegia vovó Olívia das investidas malucas deste irmão.
Vó queria dar sossego à filha. E a vontade dela prevaleceu.
Dona Alzira Margarida reconquistou sua auto-estima.
Determinação e auxílio seriam suficientes para mantê-la no caminho reto, mesmo sob intensa e desproporcional pressão.
Uma coisa é certa:
Quando ela percebeu oportunidades de conquistas, de ajudar ao próximo(parentes, amigos, vizinhos e até estranhos) não hesitou em quebrar regras ou colocar-se em situação difícil, mas jamais evitar o risco de julgamentos.
Papai era idêntico! Aí encontram-se as afinidades, o companheirismo, o amor sem pesos ou medidas, a história tão abençoada vivida por eles.
Entender como funciona a mente de um Portador de Alzheimer requer algo mais do que uma simples dedução "clichê" ou empírica.
Neste caso, 2+2 quase sempre não são iguais a 4.
Pode decrescer esta simples soma ou então acrescer o resultado num curto espaço de tempo.
A Sra. Alzira Margarida passou por diversas características típicas da doença até a atual.
Nestes 18 anos de acompanhamento(sem saber do que se tratava no início)em várias ocasiões pensei não dar conta e lembrei-me muito deste passado.
No Alzheimer as células cerebrais começam a morrer e formam cicatrizes em forma de estruturas microscópicas que se designam:Placas Senis.
Com o acúmulo dessas placas, aliadas à morte dos neurônios, o cérebro é impedido de funcionar convenientemente.
São muitos os desconfortos que ela estava passando, já que os remédios não conseguem controlar todos os problemas.
É uma doença sem cura e sem muitas respostas também.
Sem uma única "causa" e sim "várias".
---Quase todos os leitores pensam em: Alzheimer=Perda de Memória.
Somente a exclusão de determinadas doenças que apresentem os mesmos sintomas:
-falta de memória
-agressividade
-depressão
-agitação
Que podem ser confundidas com esquizofrenia, deficiências vitamínicas, câncer, diabetes, tireóide,
infecções urinárias, sífilis crônica, meningite, outras tantas demências, AVCs, poderá fornecer um
"provável" diagnóstico positivo.
Portanto, chegar à este diagnóstico é uma longa maratona.

Os laços de sangue

Não sei onde ouvi esse pensamento, porém cabe aqui:
Essa vida é engraçada, tenho certeza que
Deus dá muitas risadas dos seres humanos.
Quanto mais a gente é um ser emocional, mais a
vida chama pra um duelo racional...
Desconheço autoria

Continuando

Será que os laços de família ou laços de sangue são realmente os laços mais importantes que existem em nossas vidas?
Eu respondo por mim e mãe:
-Deveriam ser!
Quantos benefícios de compartilhamento ficaram no vazio. Quanto carinho inexistente quando minha mãe mais precisou.
Quando mamãe ainda se manifestava a indagação sempre surgia da parte dela:
-Por que ninguém liga pra mim?
-Por que não aparecem mais?
-Me dá o telefone e disca o número, quero falar.
Eu fiz as suas vontades, embora sabendo do desfecho.
Não podia negar isto à uma mãe.
Depois entendemos o "osso duro de roer", mas a mãe não!
Para ela, muito confusa, a família era tudo!
Como explicar todas estas ausências?
No início eu tentava dizer verdades com sutileza e foi o caos!
Tive que mentir ou pior omitir, inventar desculpas.
Ainda tive que defendê-los(igual a desculpá-los)para não magoá-la, para não piorar a situação:
---O Alzheimer!
Compreendi então um dos motivos(por conta da doença)de tanta agressão verbal e física comigo.
Eu era a que pedia:não tragam notícias chatas!(Como se isto adiantasse!)
Se não podem auxiliar, não atrapalhem.
Dona Alzira Margarida compreendia de uma maneira equivocada e sentia-se cada vez mais à margem de descasos.
Muitas vezes nos questionamos sobre essa relação de laços de sangue, pois não é porque nascemos dentro de uma mesma família que esses vínculos são conclusivamente os mais fortes ou os mais estreitos.
Sempre ouvimos dizer que o sangue sempre fala mais alto.
-Será mesmo?
Aonde está escrito ou aonde se comprovou efetivamente que sangue tem alguma coisa a ver com amor, afeto, carinho, preocupação, amizade, respeito e afeição verdadeira?
-Quem disse que o sangue é maior do que o coração ou a alma?
Amor verdadeiro, amor fraternal, amor incondicional não tem relação alguma com a nossa genética ou com aquilo que corre nas nossas veias.
Quando inexiste o processo de cuidar(arregaçar as mangas e fazer tantos procedimentos inimaginágeis por outros que não possuem o mínimo de afeição)o carro é gênero carroça sem rodas.

O Boi vai na frente babando-arfando de cansaço físico e emocional!(Diga-se:Cuidador que assume).
Não enxerga quem não quer!
-Como saímos de tão difícil aceitação?
Reconhecendo o amor por aquilo que somos e não por aquilo que corre nas nossas veias.
Este é o maior aprendizado até os dias atuais.
Me sentir vitima é um luxo que não pretendi e nem pretendo ostentar, mas em contrapartida, não me enganarei no que vivi, não sentirei algo porque o mundo quer, porque ditam.
-Será que eles superam ou são iguais aos laços de coração e de alma?
-Será que existe algo que possa medir isso?
-Será que nossos vínculos e nossos sentimentos mais profundos podem ser realmente mensurados ?
Amor se conquista, se cultiva e se multiplica.
Ele simplesmente nasce das relações de respeito, de carinho, de amizade.
Amor de coração e amor de alma são muito mais fortes e intensos do que qualquer sangue neste Universo.
Esse amor nada tem a ver com uma relação de parentesco ou consanguinidade, pois esse ele nasce para nunca mais morrer.
É sublime, verdadeiro, que brilha e que simplesmente se sente dentro de nossas almas.
E, por ser assim, é um amor intenso que nada pede ou exige, ele simplesmente existe.
Fico imensamente feliz por ter descoberto esse tipo de amor e por saber que amo e sou amada por aquilo que eu sou e não por aquilo que corre nas minhas veias.
O amor fraternal e incondicional estará comigo por onde quer que eu vá e minha família de coração e de alma também me acompanhará em minhas aventuras por esse Universo.
"Elos" só se preservam se forem azeitados, mantidos mesmo à distância.
Hoje, com a facilidade das comunicações, não há desculpa para nos esquecermos de alguém.
Vale o desejo de continuar tendo a pessoa no rol dos nossos sentimentos mais ternos.
É difícil lidar com os sentimentos de família.
Temos a obrigação de gostar, de ajudar e até de aturar, pela justificativa de que os laços de sangue nos unem.
Às vezes isto não é verdadeiro.
Desenvolvemos antipatias dentro da família, tão ou mais fortes do que aquelas que acontecem nas demais relações.
A convivência familiar nos dá o suposto direito de sermos autênticos.
Como se o mundo fosse uma prisão e o lar o único santuário de liberdade possível e ali pudéssemos ser nós mesmos no sentido amplo da palavra.

Ter gratidão é uma coisa.
Amar porque" tenho que amar" é a pior desculpa que já recebi nessa vida...

Ser órfã de pais vivos é bem pior que um luto verdadeiro.
Ser órfã de família viva é algo muito estranho.